Questões de Concurso
Sobre vícios da linguagem em português
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Silêncio e barulho
Pode parecer paradoxal querer falar sobre silêncio em se tratando de educação ou reeducação para o exercício da cidadania. Para sermos humanamente plenos, é indispensável que tenhamos sido treinados para lidar tanto com o barulho quanto com o silêncio.
Se o excesso de ruído embrutece, o silêncio absoluto nos enfraquece. Ambos nos impedem de notar nuances do mundo, absolutamente necessárias para que possamos antever o momento seguinte. Morreremos rápido se não formos capazes de antecipar a chegada de um carro, o estouro de uma boiada ou a queda de uma pedra.
Por outro lado, o silêncio é importante para nos humanizar. O aprendiz precisa ser capaz de focar no que vai aprender, e focar sem silêncio é difícil. Mas o aprendiz precisa não ter medo de se isolar do meio, e isso exige treino intensivo. Não se pode ter medo dos fantasmas do nosso mundo interno, que sempre surgem quando o mundo exterior se esvai.
O silêncio não é condição natural para os homens e muito menos para outros seres da escala animal. A escuta é um sinalizador da aproximação tanto do bem quanto do mal. É o ouvido que nos alerta de que é bom “dar no pé” depois de nos certificarmos também pelo olhar. O que escutamos é o que nos avisa para dar uma olhada. Mergulhar em um grande silêncio, profundo e longo, nos leva frequentemente ao medo. (...)
Quando imposto, vira castigo – recurso, aliás, muito usado em sistemas correcionais em que frequentemente se apela para o isolamento (a solitária nas prisões, o quarto escuro para as crianças). Por outro lado, esse mesmo silêncio é indispensável para adquirir ou fixar novos conhecimentos. Instaurar silêncio em local de estudo não deve ser punição, mas condição para que a aprendizagem ocorra. O silêncio é, pois, um fato ambíguo. Ele é necessário para que se percebam com clareza os ruídos que vêm para ameaçar nossa integridade, mas, sem eles, não podemos nos desenvolver nem emocional nem intelectualmente. (...)
(MAUTNER, Anna Verônica. Folha de S. Paulo, Equilíbrio, 11/01/2007.)
Relacione as frases abaixo aos seus respectivos vícios de linguagem.
Coluna 1 Frases
1. Eles advinharam que você viria.
2. Fazem dois anos que ela aprendeu a dirigir.
3. Todos foram unânimes quanto ao candidato.
4. Não me preocupei, já que tinha pago a prestação.
Coluna 2 Vícios de linguagem
( ) solecismo.
( ) cacofonia.
( ) cacografia.
( ) pleonasmo.
Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo
Como combater fake news sem abrir espaço para a censura?
Apesar de boatos não serem, de forma alguma, um fenômeno recente, a dimensão de sua propagação proporcionada pelas redes sociais, especialmente em momentos críticos como [..... ] vésperas de eleições, é. O combate [...... ] fake news entrou na agenda política e midiática nacional, o que levou [......] algumas possibilidades distintas de atuação.
Algumas pessoas tendem [..... ] preferir soluções
institucionais, como a responsabilização dos produtores e a tipificação do crime pela legislação brasileira.
No entanto, essa via leva [..... ] um outro questionamento ético: como garantir que [..... ] pessoas nas
instituições responsáveis por punir a propagação de
fake news vão agir de forma isenta, sem incorrer em
perseguição política contra adversários?
Para Daniel Nascimento, ex-hacker e consultor de Segurança Digital, a reação às notícias falsas deve ser tão “espontânea” quanto a sua propagação. Ele explica que a proliferação dos boatos é facilitada pelo imediatismo que a internet proporciona. “A pessoa só lê a manchete, três linhas, e já compartilha”, exemplifica. Por isso, ele trabalha no desenvolvimento de uma ferramenta, a “fakenewsautentica”, que mostraria, mediante o uso de um comando, a veracidade das notícias recebidas pelo Whatsapp ou pelo Facebook instantaneamente. Segundo ele, é possível usar os “bots” que propagam notícias falsas para propagar os desmentidos e as notícias bem apuradas, com base no trabalho de jornalistas contratados para esse propósito.
Edgard Matsuki, jornalista responsável pelo site Boatos. org, acredita no poder da conscientização. “Hoje, grande parte das pessoas sabe operar quase que de forma intuitiva um smartphone, mas infelizmente as pessoas não são educadas para checar a informação que chega via redes sociais. Nesse sentido, iniciativas que visem aumentar o senso crítico das pessoas em relação ao que circula na internet são importantes”.
O site Boatos.org apresenta dicas de checagem, dentre as quais se destacam: 1) Quando se deparar com um conteúdo, ler a notícia por completo e não parar apenas no título ou nas primeiras frases. 2) Perguntar-se sobre até que ponto a notícia escrita tem chances de ser falsa. 3) Quando a fonte não está descrita no texto, ver se foi publicado em outras fontes confiáveis. 4) Quando a notícia tem um caráter muito alarmista, desconfiar. 5) Desconfiar também de um pedido de compartilhamento. Essa é uma tática para ajudar na sobrevivência do boato. Exemplo: conteúdos com a mensagem “compartilhe antes que apaguem essa informação”. 6) Verificar os erros de português, pois as notícias falsas não têm muito apreço pela correção gramatical.
CALEGARI, L. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/brasil/como-combater-fake-news-sem-abrir-espaco-para-a-censura/>
Acesso: 04/julho/2018. [Adaptado]
Analise as afirmativas abaixo, considerando-as em relação ao texto.
1. Os segmentos “ex-hacker e consultor de Segurança Digital” (1º frase do 3º parágrafo) e “jornalista responsável pelo site Boatos.org” (1º frase do 4ºparágrafo) aparecem entre vírgulas por funcionarem como aposto.
2. O termo “fake news” é um vício de linguagem e não deveria estar presente em textos escritos.
3. Trata-se de uma matéria publicitária que divulga produtos gratuitos para alimentar fake news.
4. A expressão “No entanto” (2ºparágrafo) introduz uma ideia de contraste, podendo ser substituída por “Entretanto”, sem prejuízo de significado no texto.
5. Em “Verificar os erros de português, pois as notícias falsas não têm muito apreço pela correção gramatical.” (5º parágrafo), o vocábulo sublinhado pode ser substituído por por que, sem prejuízo de sentido e sem ferir a norma culta da língua escrita.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
1. Na sala ao lado, alguns trabalhadores ficam à espera de clientes para serem contatados. 2. Afrânio querido, para que destino segues assim tão lesto, circunspecto e assaz atribulado? 3. Atualmente Vicente está bem diferente, pois já não sente tantas dores de dente quanto antigamente. 4. A questão é que o gerente foi apanhado com a mão na botija, apropriando-se indevidamente de uma vultuosa quantia de dinheiro. 5. Dei um rolê na área, ganhei a mina, mas acabei dançando: a mina estava a fim de outra parada.
De cima para baixo, as frases são exemplos dos seguintes vícios de linguagem:
Nas orações abaixo, há presença de vício de linguagem, conforme podemos constatar na alternativa:
I- Fica a seu critério pessoal a escolha das pastilhas decorativas para a cozinha.
II- Não encontramos nenhum elo de ligação entre os suspeitos.
III- Após o grave acidente, sofreu uma forte
hemorragia.
O uso de certas formas verbais tende a revelar uma preocupação com o conteúdo, com as situações e com a necessidade de descrevê-las, mais do que narrá-las. (...) É interessante lembrar que muitas vezes ocorre uma utilização inadequada ou até viciosa de certos tempos ou formas verbais (VARGAS, 2011). O gerundismo é uma dessas formas. É muito comum ouvirmos frases como as seguintes:
Um minuto, que eu vou estar verificando seu cadastro.
Vou estar transferindo sua ligação.
Vamos estar encaminhando sua solicitação.
Esse uso pode ser atribuído:
A frase abaixo apresenta um vício de linguagem conhecido como:
"Embora frequentes no dia a dia dos falantes, os vícios de linguagem são desvios gramaticais, ou seja, palavras, expressões e construções que fogem às regras da norma padrão ou norma culta. Os vícios de linguagem ocorrem, normalmente, por falta de atenção e pouco conhecimento dos significados das palavras pelos falantes".
Considerando as informações presentes no texto acima, em qual dos pares de frases identificam-se vícios de linguagem?
Analisando os vícios de linguagem listados abaixo, relacione adequadamente:
I. ambiguidade
II. pleonasmo
III. cacófato
IV. eco
V. solecismo
( ) A boca dela tinha dentes cariados.
( ) Aquele era o pai da moça que estava doente.
( ) Vou te contar uma novidade inédita.
( ) Aqueles rapazes estava sem rumo.
( ) Teve vontade de ir à cidade só por maldade.
Está correta a sequência:
Observe a seguinte frase: “Ajudei a colega cansada no final do expediente.” Agora, analise as informações acerca da organização da estrutura da frase:
I. A frase sob o ponto de vista estrutural, não apresenta nenhum problema;
II. Há ambiguidade na frase, pois não deixa claro quem está cansada;
III. Para reorganizar a frase de modo a informar que quem está cansada é a locutora, pode-se reescrever a frase assim “cansada, ajudei a colega no final do expediente”;
IV. Para reorganizar a frase de modo que, quem esteja cansada é a colega, poderia ser reestruturada assim: “Ajudei a colega, que estava cansada, no final do expediente”.
Estão corretas:
O mundo moderno está em crise (os mundos do passado tiveram suas crises; é a nossa perspectiva presente). É truísmo, esse, inarredável. E o sentem os que veem a crise como um mal de cujo ventre irromperá monstros, como o sentem os que a veem como um bem de cujo cerne nascerá algo como a Utopia. Isso é dito pelo poeta em mais de um lugar da Obra, que é perpassada por toda essa crise. Veja-se na sua transposição simbólica de um joão-ninguém ou joão-todo-o-mundo.
(Adaptado de: HOUAISS, Antônio. Drummond. In: Drummond mais seis poetas e um problema. Rio de Janeiro: Imago, 1976, p. 35)
- Privilégio ou Previlégio?
Clara Braga
Atire a primeira pedra quem nunca escreveu uma palavra com a grafia errada jurando que estava escrevendo certo. Essa é a história da minha vida. Meu melhor amigo? Corretor do Word. Minha melhor desculpa? Licença poética. Mas tem uns erros que não há licença poética que segure.
Esses dias vi um que confesso que na hora “h” me deixou na dúvida: privilégio ou previlégio? Eu tinha certeza que era privilégio, mas sabe quando você vê a palavra errada em uma frase tão convincente que acaba ficando na dúvida? Pois é, “viajar para o exterior é um previlégio de poucos”. Quer frase mais convincente que essa?
Nada que um bom dicionário não resolva: Privilégio – vantagem concedida a alguém, com exclusão dos outros; permissão especial. Substantivo masculino com origem no latim ‘privilegium’ e, por isso, escrita com “i” mesmo! Se fosse o soletrando do Caldeirão do Hulk, ainda poderíamos pedir a divisão silábica e a utilização em uma frase, mas não é necessário, só pela origem já não fica mais na dúvida, é com “i”. Mas pesquisar alguns sinônimos não faz mal a ninguém: posse, regalia, concessão, direito, direito. Opá, direito?
Pois é, parece que direito pode ser sinônimo de privilégio, porém, em alguns casos, a palavra privilégio pode ser entendida de forma pejorativa, afinal é algo que uma pessoa possui e outra não, seja lá o motivo, e ninguém gosta de ser excluído de uma concessão, não é mesmo? Porém, é aí que mora todo o problema, algumas pessoas não entendem que nem todo mundo tem o privilégio de não ter uma deficiência, por exemplo, que o impeça de ter acesso a seja lá o que for, de banheiro a informação.
Não vivemos em um mundo adaptado a todas as necessidades, e isso não é culpa das pessoas com deficiência, muito pelo contrário, no final, são elas que saem perdendo. Por isso, algumas regras básicas precisam ser colocadas para que todas as pessoas tenham iguais oportunidades na vida (e aqui também incluo desde a oportunidade de se informar até a oportunidade de usar um banheiro público), e é por isso que essas regras não estão em discussão pois são DIREITOS garantidos por lei, e não privilégios.
A placa colocada em Curitiba que pedia o fim dos privilégios das pessoas com deficiência e que causou
revolta na internet parece não ter passado de uma ação de marketing para uma campanha que busca
garantir os direitos das pessoas com deficiência. Uma ótima campanha para ser feita próxima do Dia
Internacional das Pessoas com Deficiência e do Dia Mundial da Acessibilidade. Tomara que a revolta que
eu e muitos sentiram não morra nas redes sociais.
Muitos textos apresentam informações simples escritas de modo rebuscado, dando a impressão de uma pretensa ostentação da linguagem culta. O parágrafo a seguir é um exemplo típico do estilo floreado.
A alternativa que explica a verbosidade impressa no
parágrafo é:
Atenção: Para responder à questão, considere o texto abaixo.
Discussão – o que é isso?
A palavra discussão tem sentido bastante controverso: tanto pode indicar a hostilidade de um confronto insanável (“a discussão entre vizinhos acabou na delegacia”) como a operação necessária para se esclarecer um assunto ou chegar a um acordo (“discutiram, discutiram e acabaram concordando”). Mas o que toda discussão supõe, sempre, é a presença de um outro diante de nós, para quem somos o outro. A dificuldade geral está nesse reconhecimento a um tempo simples e difícil: o outro existe, e pode estar certo, sua posição pode ser mais justa do que a minha.
Entre dois antagonistas há as palavras e, com elas, os argumentos. Uma discussão proveitosa deverá ocorrer entre os argumentos, não entre as pessoas dos contendores. Se eu trago para uma discussão meu juízo já estabelecido sobre o caráter, a índole, a personalidade do meu interlocutor, a discussão apenas servirá para a exposição desses valores já incorporados em mim: quero destruir a pessoa, não quero avaliar seu pensamento. Nesses casos, a discussão é inútil, porque já desistiu de qualquer racionalização
As formas de discussão têm muito a ver, não há dúvida, com a cultura de um povo. Numa sociedade em que as emoções mais fortes têm livre curso, a discussão pode adotar com naturalidade uma veemência que em sociedades mais “frias” não teria lugar. Estão na cultura de cada povo os ingredientes básicos que temperam uma discussão. Seja como for, sem o compromisso com o exame atento das razões do outro, já não haverá o que discutir: estaremos simplesmente fincando pé na necessidade de proclamar a verdade absoluta, que seria a nossa. Em casos assim, falar ao outro é o mesmo que falar sozinho, diante de um espelho complacente, que refletirá sempre a arrogância da nossa vaidade.
(COSTA, Teobaldo, inédito)