Questões de Concurso Público Prefeitura de Cabedelo - PB 2020 para Professor de Educação Básica II - História

Foram encontradas 50 questões

Q1704235 História

Para José Carlos Reis (2019), o debate epistemológico-metodológico e teórico-metodológico assumiu contornos diferenciados na cultura histórica, em alguns momentos esse debate foi quase irrelevante. Considerando essa afirmação, é correto afirmar que o debate epistemológico-metodológico e teórico-metodológico entre os Historiadores do positivismo/empirismo histórico é caracterizado por:


1. Um debate teórico-metodológico que liga e aproxima o historiador do que deve realmente interessá-lo: os fatos, as fontes, a realidade do passado. Para eles, o historiador-teórico não poderia pretender ser um historiador, uma vez que, abandonou o canteiro de obras da história, os arquivos, os museus, as fontes primárias, e ao pesquisar somente em bibliotecas, restringindo-se às obras impressas, tornou-se um filósofo, um literato, um ficcionista.


2. Uma historiografia empirista que se apoia sobre uma memória arquivada, sobre inscrições, sobre marcas exteriores, para proteger-se da contiguidade com a imaginação/ficção. O seu ponto de vista é objetivante: a lembrança é de uma experiência vivida localizada e datada. O testemunho diz: “eu estava lá, eu presenciei, eu vi”. O arquivo está lá, é um depósito, que reconhece, conserva e classifica a massa documental para consulta.


3. Pela data, que é um dado do  tempo calendário, um sistema de datas extrínseco aos eventos. Pois, todo evento se inscreve neste espaço-tempo exterior: local/data. O historiador que se equivocar em relação ao local e à data do evento, estará mergulhado na imaginação, no mito, na fábula. A organização cronológica, a sucessão rigorosa dos momentos que constituem um evento e dos eventos entre si, não pode ser visível em uma documentação objetiva, sem antes ser interiorizada.


4. Uma atitude crítica, que reúne credulidade e ceticismo. A atitude crítica, primeiro, é crédula, deve receber a informação, acolher o documento; depois, cética, deve duvidar, desconfiar, suspeitar, e processá-lo, elaborá-lo. A confiança no documento não deve ser fundada na declaração de intenção do próprio documento, mas construída pela dúvida metódica do historiador.


5. Uma historiografia que busca a verdade exterior, objetiva, o seu conteúdo são os testemunhos e as provas do passado. O testemunho ocular declara que esteve presente e pede que acreditem nele, é interrogado e avaliado, confrontado com outros, e só passará a valer se for aceito. Então, ele se torna um dado estável, reiterável, que pode ser reaberto e reavaliado por qualquer um. Ele se torna uma memória arquivada.


Estão CORRETAS: 

Alternativas
Q1704236 História

“O historiador François Hartog (2013), elaborou o conceito de “Regime de historicidades”, para nomear como as maneiras como dadas sociedades em dados momentos perceberam, pensaram e se relacionaram com o tempo, para indicar como elaboraram e articularam, através de suas narrativas, as categorias de passado, presente e futuro, para descrever como um dado indivíduo ou grupamento humano se instaurou e se desenvolveu no tempo”.


Sobre esse conceito de Regime de Historicidades de Hartog (2013) é CORRETO afirmar que:

Alternativas
Q1704237 Conhecimentos Gerais

Segundo Carmo (1997, p.15), "podemos definir trabalho como toda atividade realizada pelo homem civilizado que transforma a natureza pela inteligência. Há mediação entre o homem e a natureza: domando-a ele o seu desejo, visa a extrair dela sua subsistência". Neste conceito, o homem é um agente de transformação, e o trabalho a sua obra. A subsistência seria o objetivo e o fim da sua intervenção. 


Sobre a relação Trabalho e sociedade na História podemos afirmar que:


1. Nas sociedades primitivas o homem começou a explorar a terra, a ter domínio sobre os animais que utilizará para corte ou tração, a caçar e a pescar, já vivendo em pequenas tribos, o trabalho passou a exigir a participação de todos, e o seu produto, a ser visto como um bem comum. O trabalho passou a organizar a vida da tribo, que sistematizou as forças produtivas, utilizou sua energia e tempos livres para a criação de novos instrumentos e o planejamento da produção. Ainda que primitivamente, o homem construiu a noção de períodos, uma divisão entre o tempo destinado ao trabalho e ao lazer. 


2. Na idade média, o trabalho se organizou segundo o modelo de produção feudal, a ênfase do trabalho recaiu na expiação dos pecados e no combate à fraqueza da carne. Nesse modelo as relações sociais caracterizaram-se por rígida hierarquia entre os senhores, proprietários das terras, e os servos, aqueles que as cultivavam. A esses últimos cabia, em troca do trabalho, apenas a parte da produção necessária à subsistência familiar. Os servos deviam obediência aos senhores, mas, diferentemente dos escravos, possuíam direito à vida e proteção dos senhores em caso de guerra. À igreja, que detinha o saber competia à manutenção dos princípios de obediência que regulavam essas relações.


3. No período da revolução industrial, houve o aniquilamento das manufaturas e um deslocamento dos operários para as grandes indústrias, onde desempenharam tarefas rotineiras e mecânicas. A produção em larga escala, por sua vez, provocou a alienação do operário do sentido do seu trabalho. Sendo ele uma "peça da engrenagem", tendo sua participação restrita a uma limitada etapa do processo produtivo, o operário não reconhece no conjunto da produção o seu trabalho, não sabe quem é o consumidor do seu produto, bem como não participa das decisões referentes ao processo de produção. Na revolução industrial o operário se constituía uma "peça da engrenagem".


4. Na atualidade, a característica do trabalho é a sua inquestionável necessidade e importância, a ponto de identificar o homem. Para Marx a essência do ser humano está no trabalho. O que os homens produzem é o que eles são. O homem é o que ele faz. O homem se vê humano enquanto ser produtivo, enquanto vinculado a um ofício e possuidor de uma identidade profissional. O trabalho lhe confere dignidade, estabilidade, status e vínculo. O trabalho se confunde com o cotidiano e representa uma saída para controle da intimidade espiritual, na medida em que estabelece identidade e complementariedade com o coletivo social. 


5. Na modernidade, o trabalho apresenta propriedades extrínsecas e intrínsecas . Nas condições referentes ao emprego: um salário justo e aceitável; estabilidade; vantagens apropriadas; saúde; processos adequados. Nas condições do trabalho em si são elencados: variedade e desafio; aprendizagem contínua; margem de manobra, autonomia; reconhecimento e apoio; contribuição social que faz sentido; um futuro desejável. Em seus aspectos dão conta de um valor social do trabalho, da atribuição de valor ao que se faz da possibilidade de aprendizagem e criação, do desafio e de uma perspectiva de futuro atraente.


Estão CORRETAS:

Alternativas
Q1704238 Geografia
Da ideia de mestiçagem introduzida no Brasil, apreende-se como a transformação desse conceito na ideologia de Estado, auxiliará na construção do Estado nacional a partir dos anos 30. Trata-se de uma visão de mundo que reinventa o país, na medida em que revela a possibilidade de convivência dos diferentes grupos socioculturais então residentes dentro das fronteiras político-geográficas da nação brasileira. Deve-se lembrar que até as primeiras décadas do século XX, uma questão polarizou o debate político brasileiro, a saber, até que ponto seria possível constituir uma nação unitária e progressista nos trópicos, partindo-se de grupos populacionais tão heterogêneos quanto ex-escravos e seus descendentes, os diversos povos indígenas, imigrantes de diferentes origens e “mestiços” de todos os tons.
Sobre a ideia de mestiçagem, que foi construída ao longo da História do Brasil como discurso do Estado é CORRETO afirma que: 
1. Os negros possuíam uma consciência subdesenvolvida, não estando em condições de assumir todos os direitos e deveres que cabiam aos demais cidadãos. Nesse sentido, o primeiro código penal republicano, ao não distinguir os cidadãos conforme a cor de sua pele, tornou-se alvo da dura critica. O determinismo biológico foi o componente fundante para uma leitura de cidadania que não previa o cruzamento entre raças no início do século XIX, que irremediavelmente seria a degradação da “raça brasileira”. 
2. A desigualdade e os problemas sociais, historicamente construídos, como o subjugo de determinados grupos como mulheres ou negros, são como constitutivas de uma essência brasileira, infensas à possibilidade de transformação. Supõe-se uma cultura unificada como fundamento da nação, em que restam limitados os espaços para a expressão de novas formas culturais, como aquelas trazidas pelos imigrantes que chegam ao país a partir da segunda metade do século XIX e incorporadas a ideia de nação brasileira.

3. A intervenção estatal no campo da cultura baseou-se em um conceito essencialista de brasilidade, através do qual algumas formas culturais foram promovidas, enquanto outras manifestações, igualmente existentes, foram sistematicamente desconsideradas. Brasilidade se apresentou como uma identidade mestiça não étnica, capaz de assimilar todas as outras representações étnicas. A ideia de raça foi desqualificada enquanto instrumento dos discursos políticos depois de 1930 e assim se constituiu o mito da democracia racial, componente indispensável da ideologia da mestiçagem. 
4. A partir dos anos 70 o conceito raça através, da influência da discussão norte-americana, ganhou renovada importância política no Brasil, funcionado como instrumento de ruptura da homogeneidade construída, simbolicamente, pela política da mestiçagem, como se tratasse de dissociar os grupos socioculturais fundidos na simbologia da nação mestiça. Assim, o conceito raça se transformou em instrumento de mobilização política, em construção discursiva e que deve fazer dos diferentes estratos populacionais afrodescendentes – do ponto de vista social e cultural tão diverso entre si – um coletivo político.
5. O discurso da mestiçagem como etapa transitória no processo de branqueamento constitui peça central da ideologia racial brasileira e acrescenta que a população negra no Brasil representa, do ponto de visita da elite pensante, uma ameaça ao futuro da raça e da civilização branca no país. Para essa elite, o discurso da mestiçagem contém um ideal implícito de homogeneidade que não contempla a existência da população negra, o que o leva a falar de etnocídio e da construção de uma ideologia de mestiçagem que parte das organizações étnicas formadoras da sociedade brasileira para permitir sua aceitação.
Estão CORRETAS: 
Alternativas
Q1704239 Conhecimentos Gerais

Os anos de 1980 se constituíram como um marco importante na história recente do Brasil, tendo em vista o complexo processo de transição para a democracia, após quase três décadas de ditadura civil-militar, onde ocorreram importantes transformações, no que concerne à ocidentalização da sociedade brasileira. Entre as lutas pela democracia empreendidas por movimentos sociais e grupos progressistas que almejavam a universalização de direitos de cidadania e bem-estar social, povoaram também nessa sociedade civil – cada vez mais complexa e ocidentalizada – uma multiplicidade de organizações da classe dominante, que nos remete a sua necessidade de rearticular suas estratégias de acumulação e, principalmente, sua relação com a ossatura do Estado.


Ao considerarmos as estratégias de rearticulação da classe dominante no Brasil e suas estratégias de acumulação, é CORRETO afirmar que: 


1. Foi nos anos de 1990 que esse processo se intensificou e se consolidou, onde as bandeiras burguesas da economia de mercado lançadas na década anterior empunhadas por uma multiplicidade de aparelhos privados de hegemonia, começaram a ser operacionalizadas em um programa de reformas com vistas à reconfigurar a papel do Estado e a torná-lo “eficiente”. Este acesso deve ser entendido de modo que compreendamos que as classes dominantes necessitam de uma permanente atualização das formas de expropriação social, onde a estrutura institucional do Estado, deve ser sempre reorientada no sentido de funcionalizar a dominação de classe.


2. O discurso de reformas para o mercado e de acordo com a cartilha do Consenso de Washington, determinou que apenas alguns poucos países latino-americanos deveriam se engajar neste processo de reconfiguração da ordem econômica que garantiria sua inserção no “novo mundo globalizado” e seriam tão mais bem-sucedidos, quanto maior o grau de abertura das economias e a desregulamentação dos mercados. Os organismos internacionais lançam mão de novas estratégias de ação, tanto na condução da política econômica quanto na conformação social dos países. As novas funções do Estado envolveram desde a gestão das pequenas reformas para implantar as grandes reformas até a formulação de uma nova conformação social.


3. As orientações internacionais do capitalismo, amparadas nas premissas da globalização e reestruturação produtiva, levou a burguesia brasileira, nessa reconstrução das regras do jogo democrático, a defender de forma mais aberta e articulada o seu modelo de sociedade fundada nos valores da economia de mercado e da meritocracia. Temos a organização da burguesia brasileira em defesa de seus interesses imediatos de ampliação da acumulação e da defesa de sua concepção de mundo – o que implicou em articulações, cisões e conflitos intra-classe, denotando a complexidade dessas relações de poder – e, conjuntamente, suas pretensões de se internacionalizar no plano estrutural do capitalismo mundializado. 


4. Em seu conjunto, a organização da burguesia brasileira evidencia a redução da arena de batalhas, com poucas organizações que denotam a expansão do empresariamento nas mais diversas áreas de atuação pública. No interior dessas organizações, temos a constituição de entidades que atuam na conversão de lutas, assim como em uma espécie de organização de nichos de mercado que, acabam por desmantelar certas conquistas populares e converter essas atividades em formas de obtenção de lucro, com velhos arranjos nos padrões de sociabilidade, que foram construindo desde os anos 80 e se consolida na década de 90. 


5. A reconstrução do sistema político se deu através de acomodações e do entrelaçamento de práticas e estruturas novas e antigas, combinação esta que estruturou as opções e estratégias seguidas pelos principais atores do processo político e da classe dominante. Ainda que consideremos os avanços democráticos conquistados, os quais são, em grande medida, o produto da dinâmica política introduzida pelo próprio processo de democratização, as extremas desigualdades sociais são um fator que constrange a consolidação da democracia, especialmente no que se refere a efetiva participação política de todos os cidadãos 


Estão CORRETAS:

Alternativas
Respostas
36: C
37: D
38: E
39: D
40: A