Questões de Concurso
Sobre bases sócio-históricas da educação física em educação física
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“Nesse sentido, o corpo sofre a ação, sofre várias intervenções com a finalidade de adaptá-lo às exigências das formas sociais de organização da produção e da reprodução da vida. Alvo das necessidades produtivas (corpo produtivo), das necessidades sanitárias (corpo “saudável”), das necessidades morais (corpo deserotizado), das necessidades de adaptação e controle social (corpo dócil). O déficit de dignidade do corpo vinha de seu caráter secundário perante a força emancipatória do espírito ou da razão. Mas esse mesmo corpo, assim produzido historicamente, repunha a necessidade da produção de um discurso que o secundarizava, exatamente porque causava um certo mal-estar à cultura dominante. Ele precisa, assim, ser alvo de educação, mesmo porque educação corporal é educação do comportamento que, por sua vez, não é corporal, e sim humano. Educar o comportamento corporal é educar o comportamento humano.
(Bracht, Valter. "A constituição das teorias pedagógicas da educação física." Cadernos Cedes 19 (1999): 69-88.)
Com base nas teorias críticas e pós-críticas, as construções históricas da Educação Física (EF) tratam o corpo e a educação corporal da seguinte forma:
1 Rui Barbosa deu seu parecer sobre o Projeto 224 — Reforma Leôncio de Carvalho, Decreto n. 7.247 da Instrução Pública —, no qual defendeu a inclusão da ginástica nas escolas e a equiparação dos professores de ginástica aos das outras disciplinas. Nesse parecer, ele destacou e explicitou sua ideia sobre a importância de se ter um corpo saudável para sustentar a atividade intelectual.
2 Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, houve um amplo debate sobre o sistema de ensino brasileiro e ficou determinada a obrigatoriedade da Educação Física para o ensino primário e médio. Ocorre a introdução do Método Desportivo Generalizado, que significou uma contraposição aos antigos métodos de ginástica tradicional e uma tentativa de incorporar esporte, que já era uma instituição bastante independente, adequando-o a objetivos e práticas pedagógicas.
3 A partir do Decreto n. 69.450, considerou-se a Educação Física como “a atividade que, por seus meios, processos e técnicas, desenvolve e aprimora forças físicas, morais, cívicas, psíquicas e sociais do educando”. A falta de especificidade do decreto manteve a ênfase na aptidão física, tanto na organização das atividades como no seu controle e avaliação. A iniciação esportiva, a partir da quinta série, tornou-se um dos eixos fundamentais de ensino; buscava-se a descoberta de novos talentos que pudessem participar de competições internacionais, representando a pátria.
4 A Reforma Couto Ferraz tornou obrigatória a Educação Física nas escolas do município da Corte. De modo geral houve grande contrariedade por parte dos pais em ver seus filhos envolvidos em atividades que não tinham caráter intelectual. Em relação aos meninos, a tolerância era um pouco maior, já que a ideia de ginástica associava-se às instituições militares; mas, em relação às meninas, houve pais que proibiram a participação de suas filhas.
5 Pela primeira vez ocorre uma referência explícita à Educação Física em textos constitucionais federais, incluindo-a no currículo como prática educativa obrigatória (e não como disciplina curricular), junto com o ensino cívico e os trabalhos manuais, em todas as escolas brasileiras. Também havia um artigo naquela Constituição que citava o adestramento físico como maneira de preparar a juventude para a defesa da nação e para o cumprimento dos deveres com a economia.
6 A educação, de modo geral, sofria influências da tendência tecnicista. O ensino era visto como uma maneira de se formar mão-de-obra qualificada. Era a época da difusão dos cursos técnicos profissionalizantes. Nesse quadro, com a Lei n. 5.540, e com a 5.692, a Educação Física teve seu caráter instrumental reforçado: era considerada uma atividade prática, voltada para o desempenho técnico e físico do aluno.
A ordem cronológica correta dos tópicos apresentados acima é
(Rede de Pesquisa Solidária da Universidade de São Paulo. Disponível em: https://redepesquisasolidaria.org/wpcontent/uploads/2020/09/boletimpps_22_28agosto.pdf ).
A pandemia foi uma experiência inédita e inesperada para os habitantes do planeta, delicada, complexa, sem “preparação prévia”, que afligiu a humanidade desde o final de 2019, e nos confrontou com o desconhecido. No entanto, com seu ineditismo, a pandemia acabou por exacerbar, radicalizar e dar visibilidade a problemas e opressões estruturais em escalas mundial e nacional bastante conhecidos, há muito, problemas que ao longo da história não foram objeto de políticas públicas de enfrentamento para sua superação – o racismo e suas nefastas consequências para todas as vidas humanas; a iníqua distribuição de renda; a desigualdade de acesso aos bens da educação, da cultura, da saúde, da economia. E a pandemia trouxe também problemas sociais novos.
(Adaptado de VAGO, Tarcísio Mauro. Uma polifonia da Educação Física para o dia que nascerá: sonhar mais, crer no improvável, desejar coisas bonitas que não existem e alargar fronteiras. In CARVALHO, Rosa Malena de Araújo; PALMA, Alexandre; CAVALCANTI, André dos Santos Souza. (organizadores). Educação Física, soberania popular, ciência e vida. Niterói : Intertexto, 2022. p. 38-54)
Sobre a relação entre a Educação Física e os persistentes problemas sociais brasileiros, Taffarel (2022) reflete que:
(CASTELLANI FILHO, Lino. Educação Física no Brasil: a história que não se conta. Campinas: Papirus, 1989).
Segundo Cavalcanti (2023) os movimentos históricos que buscam a superação da realidade social segregadora não iniciaram hoje. Os saberes emancipatórios produzidos pelos africanos e pelos afro-brasileiros nos ajudam a construir outras formas de resistência.
Sobre a Educação Física o autor explica que
(MEDINA, João Paulo S. . Apresentação: a história que não se conta… In: CASTELLANI FILHO, Lino. Educação Física no Brasil: a história que não se conta. Campinas: Papirus, 1989, p.9-10).
De acordo com Castellani Filho (1989), discorrer sobre a história da Educação Física no Brasil passa, necessariamente, pela análise da influência das instituições militares na constituição desta disciplina no contexto escolar. Segundo o autor é correto afirmar que
Os primeiros passos científicos da Educação Física no Brasil, no século XIX, envolveram um diálogo entre pedagogos e médicos, que compartilharam o protagonismo na definição dos rumos da área incipiente.
O trabalho pedagógico na Educação Física pautado no multiculturalismo deve focar na disseminação e valorização de grupos culturais dominantes ao longo da história.
A Educação Física possui uma função social importante ao promover a apropriação da atividade esportiva pelo conjunto dos seres humanos, contribuindo para torná-los cada vez mais humanos e conscientes de sua corporalidade e desenvolvimento histórico-social.
A avaliação formativa em Educação Física é essencial para promover uma aprendizagem mais autônoma por parte do aluno e auxiliar o professor na construção de uma avaliação mais justa e eficiente.
Entre 1929 e 1958, os professores de Educação Física no Brasil eram majoritariamente especialistas em pedagogia moderna, adotando métodos progressistas e focados em abordagens inclusivas e democráticas.
A perspectiva crítico-superadora se posiciona em oposição a uma abordagem pedagógica da educação física que procura através da educação adaptar o homem à sociedade, e que recorre à filosofia liberal para a formação do caráter do indivíduo, valorizando a obediência, o respeito às normas e à hierarquia.
A abordagem pedagógica referida pelo texto, frente à qual a perspectiva crítico-superadora elabora sua análise e ruptura definitiva, é a
Para compreender o fenômeno esportivo na sociedade moderna, Bracht (2011), retoma o conceito de hegemonia do pensador Antonio Gramsci. Ao analisar os processos de disputa por hegemonia no Brasil, Bracht situa a importância da cultura popular e se apropria da produção de Marilena Chauí, ao postular "a cultura popular, não como oposta, distinta da cultura dominante ou de elite, mas como uma atividade dispersa no interior da cultura dominante".
BRACHT, Valter. Sociologia Crítica do Esporte: Uma Introdução. 4ª edição. Ijuí. Editora UNIJUÍ, 2011, p. 64. [Adaptado].
Na perspectiva do texto, a cultura popular é compreendida como
( ) A abordagem sistêmica tinha como característica a seleção de talentos esportivos nas aulas de educação física.
( ) A psicomotricidade tinha como objetivo a formação integral dos estudantes, trabalhando os domínios afetivos, cognitivos e motores.
( ) A saúde renovada tinha como finalidade trabalhar conceitos como aptidão física e saúde.
( ) A abordagem crítico emancipatória tinha características do estudante sendo crítico e emancipado.