Questões de Concurso
Sobre história da américa latina em história
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É importante perceber como a apropriação e a troca entre culturas se desenvolvem, fazendo com que não seja possível, por vezes, afirmar um lugar social estático e permanente para o tratamento de certo grupo. As experiências culturais são necessariamente intercambiantes e fenômenos culturais desse tipo são comuns nos países americanos, podendo-se citar, por exemplo, as culturas nativas do México e as tradições religiosas dos povos andinos, que conjugam a sua raiz axiológica com a tradição cristã. Assim, quando “o apropriante e o apropriado terminam por coexistir”, não caberia apelar para “uma certa pureza dos povos originários e das tradições”, uma vez que essas manifestações culturais são transformadas ao longo da história.
(CUCHE, Denys, 2009.)
No excerto anterior, as falas relativas ao “apropriante” e “apropriado” deixam patente que:
As décadas de 60 e 70 do século XX manifestaram intensas movimentações nos países do hemisfério Sul da América: de um lado a consolidação da participação política e econômica das multinacionais e dos capitais estrangeiros, e de outro as mobilizações populares em resposta às novas dinâmicas, com petições de manutenção dos direitos trabalhistas, reforma agrária e melhor distribuição das riquezas. Em meio a esse cenário, olhando por uma perspectiva global, as duas maiores potências da época evidenciavam a geopolítica no qual o mundo estava submetido. O bloco capitalista liderado pelos Estados Unidos buscava frear a ampliação da influência política e econômica da socialista União Soviética, configurando-se um período de tensão pela disputa tecnológica e armamentista, que não resultou em um conflito direto entre eles, mas na participação dos conflitos entre os seus aliados e governos satélites do Terceiro Mundo. Diante desse contexto é que se inserem os golpes militares nos países da América Latina.
(VIZENTINI, Paulo G. F., 2000, p. 195-226.)
Os Estados Unidos já mantinham relações econômicas e diplomáticas com os países latino-americanos desde a Segunda Guerra Mundial, pelo fornecimento de armas em troca da defesa do continente e treinamentos militares dos exércitos desses países, durante o período beligerante. Em relação aos governos militares latino-americanos:
Há dois lados na divisão internacional do trabalho: um em que alguns países especializam-se em ganhar, e outro em que se especializaram em perder. Nossa comarca do mundo, que hoje chamamos de América Latina, foi precoce: especializou-se em perder desde os remotos tempos em que os europeus do Renascimento se abalançaram pelo mar e fincaram os dentes em sua garganta. É a América Latina, a região das veias abertas. Desde o descobrimento até nossos dias, tudo se transformou em capital europeu ou, mais tarde, norte-americano, e como tal tem-se acumulado e se acumula até hoje nos distantes centros de poder. Tudo: a terra, seus frutos e suas profundezas, ricas em minerais, os homens e sua capacidade de trabalho e de consumo, os recursos naturais e os recursos humanos.
(GALEANO, 1985, p. 1.)
Essa situação de dependência econômica, enquanto parte do sistema, fez com que a sociedade colonial formada no interior desses espaços dominados sofresse, na sua organização, influências diretas, tais como:
A produção histórica da América Latina começa com o desmantelamento de todo um mundo histórico, provavelmente a maior aniquilação sociocultural e demográfica da história que chegou ao nosso conhecimento [...] se trata, primeiro, da desintegração dos padrões de poder e de civilização de algumas das mais avançadas experiências históricas da espécie. Segundo, do extermínio físico, em pouco mais de três décadas, as primeiras do século XVI, de mais da metade da população dessas sociedades, cujo total imediatamente antes de sua destruição é estimado em mais de cem milhões de pessoas.
(Quijano, 2005 b, p. 16.)
Nesse contexto de conquista e colonização, as relações de poder entre colonizadores e colonizados consistiram:
1. A modernização dos Estados Republicanos na América Latina no século XIX incluiu reformas administrativas e econômicas voltadas para a centralização do poder e a promoção da infraestrutura.
2. A modernização foi frequentemente marcada pela adoção de modelos europeus, como o positivismo, que influenciaram a organização dos sistemas educacionais e legais nas nações latino-americanas.
3. A introdução de novas tecnologias, como o telégrafo e as ferrovias, foi fundamental para a integração territorial e o desenvolvimento econômico dos Estados republicanos na América Latina.
4. No entanto, a modernização também aprofundou as desigualdades sociais, com grandes massas de trabalhadores urbanos e rurais excluídas dos benefícios do progresso econômico.
5. A modernização nos Estados republicanos foi, em muitos casos, acompanhada por políticas repressivas contra movimentos sociais e indígenas que resistiam às mudanças impostas pelo Estado.
Alternativas:
1. A globalização econômica, iniciada no final do século XX, intensificou a inserção da América Latina nos mercados internacionais, com uma maior abertura ao capital estrangeiro e às transações comerciais.
2. O Mercosul, criado em 1991, foi uma iniciativa de sucesso que retirou a dependência da América Latina em relação às grandes potências econômicas, como os Estados Unidos e a União Europeia.
3. A globalização também exacerbou as desigualdades sociais e econômicas na América Latina, com a concentração de renda e a exclusão de amplos setores da população do desenvolvimento econômico.
4. A crise financeira global de 2008 teve impactos limitados na América Latina, já que as economias da região estavam menos integradas ao sistema financeiro internacional.
5. A globalização cultural trouxe consigo desafios para a preservação das identidades locais na América Latina, com o crescente domínio de culturas estrangeiras e a homogeneização dos hábitos de consumo.
Alternativas:
Sobre a colonização espanhola na América, assinale a alternativa correta.
Por parte dos escritores e intelectuais brasileiros, apesar de reconhecerem a herança ibérica e católica que o Brasil e a América Espanhola têm em comum, também estavam cientes das diferenças que os separavam. O importante é que nenhum dos políticos, intelectuais e escritores hispano-americanos que primeiro utilizaram a expressão “América Latina”, e nem seus equivalentes franceses e espanhóis, incluíam nela o Brasil. “América Latina” era simplesmente outro nome para América Española.
(José Verissimo, 1998.)
Dentre algumas diferenças entre o Brasil e os demais países da América Latina no início da organização de seus estados, podemos apontar:
A etnografia da América indígena contém um tesouro de referências a uma teoria cosmopolítica que imagina um universo povoado por diferentes tipos de agências ou agentes subjetivos, humanos como não-humanos – os deuses, os animais, os mortos, as plantas, os fenômenos meteorológicos, muitas vezes também os objetos e os artefatos –, todos providos de um mesmo conjunto básico de disposições perceptivas, apetitivas e cognitivas, ou, em poucas palavras, de uma “alma” semelhante. Essa semelhança inclui um mesmo modo, que poderíamos chamar performativo, de apercepção: os animais e outros não-humanos dotados de alma “se veem como” pessoas, e portanto, em condições ou contextos determinados, “são” pessoas, isto é, são entidades complexas, com uma estrutura ontológica de dupla face (uma visível e outra invisível), existindo sob os modos pronominais do reflexivo e do recíproco e os modos relacionais do intencional e do coletivo. O que essas pessoas veem, entretanto – e que sorte de pessoas elas são –, constitui precisamente um dos problemas filosóficos mais sérios postos por e para o pensamento indígena.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Metafísicas canibais. São Paulo: Cosac Naify, 2015, p. 43. [Adaptado].
Conforme o texto, na concepção ameríndia, a cultura tem qual forma?
As manifestações “Diretas Já”, ocorridas na segunda metade do século XX, foram marcadas por comícios em várias cidades, com amplo apoio popular. Qual foi o principal objetivo do movimento?
Sobre o Tratado de Madri de 1750, assinale a alternativa CORRETA.
O período de governos militares na América Latina e o subsequente processo de redemocratização marcaram profundamente a história política da região. Avalie as seguintes afirmativas sobre esse período e suas implicações.
1. Os governos militares na América Latina, instaurados entre as décadas de 1960 e 1980, justificavam suas ações como necessárias para combater o comunismo e a instabilidade política (Stepan, 1988).
2. A Operação Condor foi uma aliança entre ditaduras sul-americanas para coordenar a repressão a opositores políticos (McSherry, 2005).
3. O processo de redemocratização na América Latina, iniciado nos anos 1980, foi caracterizado por transições pacíficas e a ausência de conflitos sociais (Hagopian, 1993).
4. No Brasil, a redemocratização culminou com a promulgação da Constituição de 1988, que estabeleceu um amplo conjunto de direitos civis e sociais (Skidmore, 1988).
5. A influência dos Estados Unidos foi determinante tanto na instauração quanto na queda dos regimes militares na América Latina (Smith, 2007).
Alternativas:
Disponível em: https://www.ihu.unisinos.br/632351-intervencionismodos-estados-unidos-na-america-latina-e-preciso-desclassificar-osdocumentos. Acesso: 09 abr. 2024.
A partir da Revolução Cubana e da ascensão do governo comunista de Fidel Castro, os Estados Unidos intensificaram os seus mecanismos de vigilância à América Latina. À atuação dos seus funcionários oficiais e dos programas de voluntariado e fomento somaram-se a espionagem e apoios secretos variados, inclusive em dinheiro. Se a política nacional na América Latina era percebida como ameaça pelos EUA, a intervenção direta ou indireta agia para revertê-la.
São exemplos que ilustram a política externa
estadunidense nesse período:
Comício da campanha 'O petróleo é nosso', na Cinelândia, em 1957. Foto de arquivo/Agência O GLOBO. Disponível em: https://grabois.org.br/2016/02/comuninistas-e-militaresnacionalistas-na-campanha-o-petroleo-e-nosso/. Acesso: 09 abr. 2024.
Entre o final da II Guerra e a década de 1950, a campanha para privatizar a exploração do petróleo brasileiro, sacudiu a sociedade e trouxe para o centro da política a discussão sobre política econômica: nacionalistas X entreguistas se confrontavam no Congresso, nas ruas, nos quartéis e escolas.
As afirmativas a seguir referem-se ao período da campanha.
I Um lado exigia que o Estado tivesse o monopólio de toda a exploração, seus antagonistas, a quem chamavam "entreguistas", advogavam pela abertura do mercado para o capital estrangeiro.
II Em 1953, os nacionalistas obtiveram uma expressiva vitória com a criação da Petrobrás, a empresa teve o monopólio da exploração, do refino e do transporte de petróleo durante mais de quatro décadas.
III O escritor Monteiro Lobato foi um fervoroso apoiador da campanha, escrevendo inclusive o livro O poço do Visconde, no qual faz o petróleo jorrar em pleno sitio do pica-pau amarelo.
Estão corretas:
Os primeiros quarenta anos da República Oligárquica brasileira transcorreram sem qualquer transtorno sério e eficaz na obediência às normas políticas. Não houve interrupção nas eleições legislativas, não houve deposição de presidente antes de 1930, nem houve manifestações militares bem-sucedidas. Algumas tentativas de revolução da década de 1920, sim, embora todas fracassadas, violência na política local, sim, como é usual na política de sistemas oligárquicos, mas golpe de estado bem-sucedido, não.
Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0011-52582013000100002. Acesso: 09 abr. 2024.
Assinale a opção que contribui decisivamente para o entendimento dessa estabilidade.
Simca Chambord
Um dia me pai chegou em casa,
Nos idos de 63
E da porta ele gritou orgulhoso,
Agora chegou a nossa vez
Eu vou ser o maior, comprei um
Simca Chambord
(...)
Meu pai comprou um carro,
Ele se chama Simca Chambord
E no caminho da escola eu ia tão contente
Pois não tinha nenhum carro
Que fosse na minha frente
Nem Gordini nem Ford
O bom era o Simca Chambord
O presidente João Goulart,
Um dia falou na TV
Que a gente ia ter muita grana
Para fazer o que bem entender
Eu vi um futuro melhor,
No painel do meu Simca Chambord
Mas eis que de repente, foi dado um alerta
Ninguém saía de casa e as ruas
Ficaram desertas
Eu me senti tão só, dentro do
Simca Chambord
Tudo isso aconteceu há mais de vinte anos
Vieram jipes e tanques que
Mudaram os nossos planos
Eles fizeram pior
Acabaram com o Simca Chambord
(trecho extraído da canção Sinca Chambord, Marcelo Nóvoa e Camisa de Vênus, 1986)
Assinale a única opção que NÃO corresponde a um traço característico do período: