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Mais inflação, juros e dúvidas
O Brasil pode chegar ao fim do ano com inflação de 7%,
o dobro da meta oficial, e juros básicos avançando para 14%,
segundo projeções do mercado financeiro, turbinadas pela recente alta do petróleo e dos alimentos no mercado internacional. A insegurança econômica gerada pela guerra na Ucrânia
e pelas sanções impostas à Rússia torna mais escuro um horizonte já nublado. Apesar do cenário mais preocupante, a maioria dos especialistas consultados pelo Estadão/Broadcast continua prevendo uma alta de juros de 10,75% para 11,75% na
próxima semana, quando será realizada a reunião periódica do
Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (BC).
O aperto mais forte da política monetária virá em seguida, e poderá prolongar-se mais do que se estimava antes da
guerra. As possibilidades de recuperação econômica a partir
de 2023, já muito limitadas, tornam-se mais problemáticas
com as pressões inflacionárias e com as novas incertezas.
Pelas projeções do mercado conhecidas na última segunda-
-feira, o Produto Interno Bruto (PIB) deverá crescer 0,42%
neste ano e 1,5% no próximo. Se as condições de crédito
ficarem piores do que se esperava, as famílias serão mais
pressionadas, a retomada do emprego será mais complicada
e a atividade econômica terá menos impulso para avançar.
O cenário já tenebroso inclui uma inflação já muito alta,
uma produção industrial com 9 quedas em 12 meses e vendas do varejo 1% abaixo do patamar pré-pandemia. A recuperação mensal de 0,8% em janeiro ficou longe de compensar a
queda de 1,5% em dezembro e de recriar o dinamismo perdido a partir de 2020. Além do desemprego, também a alta de
preços continua limitando severamente os gastos familiares.
Alguma segurança econômica ainda é garantida pelo
agronegócio, com produção suficiente de alimentos para suprimento interno e para exportação. Problemas de abastecimento de fertilizantes, em consequência da guerra, geram alguma
preocupação. Mas há estoques e, além disso, o plantio da próxima safra de verão só deverá começar no segundo semestre.
Até lá, as condições internacionais poderão melhorar. Além
disso, haverá tempo para a procura de novos fornecedores de
adubos para substituir a Rússia, se for o caso. De toda forma,
o espaço de tolerância para erros será quase nulo, neste ano.
(https://opiniao.estadao.com.br. 11.03.2022. Adaptado)