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Membro da equipe curatorial do Brooklyn Museum desde 1998, Edward Bleiberg é especialista em arqueologia e em arte egípcias. Ele é o autor de uma pesquisa que busca compreender por que as estátuas egípcias têm não só o nariz quebrado, mas outras partes do corpo, como as mãos.
Em entrevista, Bleiberg afirmou que partes quebradas não são comuns apenas em se tratando de protuberâncias de estátuas, mas também em baixos-relevos, como entalhes em placas de pedra, por exemplo.
Isso indica que não se trata apenas de eventual acidente ou desgaste em razão do tempo, mas sugere que ele é proposital.
Os egípcios acreditavam que a essência de uma deidade ou parte da alma de um ser humano morto podiam habitar estátuas que os representassem.
Em tumbas e templos, estátuas e relevos em pedra tinham propósitos ritualísticos e eram um ponto de encontro entre o mundo sobrenatural e o mundo natural.
Na crença do Egito Antigo, estátuas em uma tumba tinham o propósito de alimentar a pessoa morta com a comida deixada como oferenda.
Segundo a explicação encontrada por Bleiberg, o vandalismo tinha, portanto, o objetivo de “desativar a força da imagem”.
Quando um nariz era quebrado, a estátua não podia mais respirar, o que impedia que ela recebesse oferendas ou as retransmitisse para deuses ou poderosos mortos.
Normalmente, as oferendas eram transmitidas com a mão esquerda. Por isso, muitas estátuas dedicadas à transmissão de oferendas tinham os braços esquerdos depredados. Por outro lado, estátuas que recebiam as oferendas tinham as mãos direitas depredadas.
Posteriormente, durante o período cristão, entre os séculos 1 e 3 depois de Cristo, as estátuas eram vistas como demônios pagãos e, também, acabavam atacadas.
(André Cabette Fábio. Por que tantas estátuas egípcias têm os narizes
quebrados. www.nexojornal.com.br, 06.04.2019. Adaptado)