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[...] Há uma dificuldade em instaurar instrumentos avaliativos que verifiquem a aprendizagem dos conhecimentos específicos de filosofia, uma vez que essa averiguação costuma ser feita numa abordagem que privilegia a história da filosofia. Sendo assim, vários professores têm por objetivo “ensinar a filosofar” e não “ensinar filosofia”. O primeiro conceito se baseia em saber “pensar bem”, com criatividade, criticidade e autonomia, enquanto o segundo condiz ao acúmulo dos conteúdos formais dessa disciplina.
(DIAS, 2010.)
Sobre essas questões ligadas à avaliação em filosofia, é necessário:
O mundo presente se reconhece através de expressões como “sociedade do conhecimento” ou “sociedade da informação e da tecnologia”. A ciência alcançou um desenvolvimento exponencial no século XX em todas as suas áreas. A revolução da microeletrônica, o desenvolvimento de novas fontes de energia e a revolução das biotecnologias alçaram a ciência à condição de um mito moderno. Assistimos a uma mistificação da ciência por muitos cientistas, que carecem da lucidez de reconhecer-lhe os limites. A preeminência do conhecimento científico é compreensível na medida em que seu poder e prestígio ressoam através dos artefatos tecnológicos produzidos por ele mesmo. Neste sentido, talvez os maiores difusores dos seus feitos sejam os meios de comunicação de massa.
(OLIVA A, Epistemologia: a cientificidade em questão Campinas: Papirus; 1990.)
O embate entre ciência e filosofia existe basicamente desde que elas se encontraram e é muito mais comum do que imaginamos. A modernidade caracteriza-se, muitas vezes, pela racionalização que denominamos ciência moderna ou, simplesmente, ciência. Nesse contexto, podemos afirmar que vivemos:
O que justifica a presença da filosofia como disciplina no currículo do ensino médio é a oportunidade que ela oferece aos jovens estudantes de desenvolverem um pensamento crítico e autônomo. Em outras palavras, a filosofia permite que eles experimentem um “pensar por si mesmos” [...] A filosofia “desnaturaliza” nosso pensamento cotidiano, fazendo com que nós coloquemos sob suspeita, sob interrogação, nos fazendo “pensar o próprio pensamento”. E, com isso, nos permite produzir um pensamento melhor elaborá-lo, com melhores fundamentos, mais crítico.
(GALLO, 2003, p. 43.)
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), o estudante, especificamente de ensino médio, em relação à filosofia:
Com a preocupação de tornar a linguagem mediadora da realidade, Wittgenstein procura, em alguns de seus escritos, descrever possibilidades de usos efetivos da linguagem, sendo que as atividades de uso dos símbolos têm seu significado ancorado nas “formas de vida”. Já que estas criam as legítimas possibilidades para os “jogos de linguagem”, e estes, por sua vez, delimitam aquilo que pode ser dito, dentro de um contexto ilimitado. Para ele: “Os jogos são livres criações do espírito e da vontade, autônomos e governados por regras. Saber jogar um jogo é uma capacidade que supõe domínio de uma técnica, consecutiva a uma aprendizagem. O fosso que separa a regra de sua aplicação preenchido pelo treinamento ou o adestramento (Abrichtung), a familiaridade, a prática do jogo.”
(WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações Filosóficas. São Paulo: Abril Cultural, 1984, 3 a ed., Col. Pensadores.)
Ludwig Joseph Johann Wittgenstein (1889-1951) foi um filósofo austríaco que atuou no campo da filosofia e da linguística durante a primeira metade do século XX. Seu trabalho filosófico:
O interdisciplinar é epistemológico, está presente e é mais compatível com o extracurricular, aí na resolução de problemas práticos como o planejamento, que exige soluções de ordens diversas. Os currículos escolares devem se adaptar naturalmente a esta visão epistemológica da interdisciplinaridade, mas é nos Institutos de Pesquisas ou nos problemas do dia a dia de um povo que as soluções interdisciplinares podem ser buscadas e viabilizadas. Hoje, o interdisciplinar carrega ainda alta dose ideológica como modismo educacional de uma época. Precisamos desmistificar e é preciso, portanto, respeitar, em muitos casos, o unidisciplinar para não descaracterizar o conteúdo que é próprio de uma ciência.
(CHAUÍ, Marilena Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1994.)
Acerca da interdisciplinaridade, especificamente no ensino da filosofia, assinale a afirmativa correta.
Ao realizar uma análise da moral antiga, Foucault se ocupou de temas como ética, verdade, estética da existência, sujeito da ação e sujeito ético. Alguns desses temas já estavam presentes de forma pouco desenvolvida nas fases anteriores e ganham maior destaque, como a liberdade e a agência do sujeito ético-político. As palavras de Ewald capturam com maestria a movimentação teórica realizada por Foucault na passagem da fase genealógica para a fase ética:
“As portas do asilo, os muros da prisão desaparecem, dando lugar a falas livres em que gregos e romanos discutiam as melhores maneiras de conduzir suas vidas. A paisagem do confinamento cede lugar à liberdade luminosa do sujeito.”
(EWALD, 1984, p. 71-73.)
O filósofo francês Michel Foucault (1926-1984) caracterizou a filosofia grega de Sócrates e outros filósofos pelo problema do “cuidado de si” (em grego, epiméleia heautoú). Nesta análise, Foucault:
[...] nunca se realizou uma obra filosófica que fosse duradoura em todas as suas partes. Por isso não se pode aprender filosofia em absoluto, porque ela ainda não existe.
(Kant, 1983, p. 407.)
É clássico citar Kant quando se pretende defender que não é possível ensinar a filosofia, mas sim a filosofar. Para Kant, a filosofia é um saber que está sempre incompleto, pois está sempre em movimento, sempre aberto, sempre sendo feito e se revendo e, por isso, não pode ser capturado e ensinado. Ainda, segundo Kant:
O ensino da filosofia, enquanto força de interrogação e de reflexão (e não como uma disciplina fechada sobre ela mesma) poderia funcionar como o suporte dessa racionalidade crítica e autocrítica, fermento da lucidez com vistas a promover a compreensão humana. É preciso ajudar as mentes a conviver com as ideias que devem funcionar como mediadoras com o real, e não ser confundidas com o real ou servir de meio a sua ocultação.
(MORIN, 2003, p. 54.)
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. No que tange à filosofia, ela:
Nietzsche argumentou que haviam dois tipos fundamentais de moralidade: moral do senhor (moralidade mestre ou moral nobre) e moral de escravos (moral de rebanho). A moralidade do senhor valoriza o orgulho, força e nobreza, enquanto a moral dos escravos valoriza coisas como a bondade, humildade e simpatia. Moralidade mestre pesa ações em uma escala de consequências boas ou más (ou seja, virtudes clássicas e vícios, o consequencialismo), ao contrário da moral de escravos que pesa ações em uma escala de boas ou más intenções (por exemplo, virtudes e vícios cristãos).
(NIETZSCHE, F. Genealogia da moral. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 75.)
No excerto anterior, da obra de Nietzsche “Genealogia da moral”, são descritos alguns ícones sobre a moral dos senhores e dos escravos. Para o autor, de acordo com o excerto e suas teorias:
Há praticamente 86 anos da sua publicação, o que uma obra como “A náusea”, de Jean-Paul Sartre, ainda pode nos ensinar? Ela foi publicada em 1938, quando a Europa estava deslizando rapidamente para a catástrofe da Segunda Guerra Mundial, em tempos sombrios, dominadas pelos apelos frenéticos a universais que travestiam interesses soberanistas ferozes: o povo, a nação, a raça, o comunismo, o fascismo, o nazismo. Nas suas páginas, muita literatura (Kafka, Gide, Céline) e muita filosofia (Nietzsche, Husserl, Heidegger). Mas, acima de tudo, uma descoberta traumática, a da existência. É preciso um tremor, uma vertigem, um corte para reabrir os nossos olhos diante da Coisa informe da existência.
(Disponível em: https://www.ihu.unisinos.br/categorias/188-noticias.)
Romance de sucesso do escritor Jean-Paul Sartre expressa a vida como algo sem sentido, sob a influência da filosofia do alemão Edmund Husserl's. A história tem como protagonista Noël Roquentin, um homem de 30 anos que deixou o diário da sua vida de solitário em Bouville (Le Havre), onde se ocupava vagamente de pesquisas históricas. Sartre, representante do Existencialismo, afirmava, dentre outras premissas, que:
Estamos tão acostumados ao “copiar e colar” do computador que nem nos damos mais conta de que determinadas obras de arte podiam ser únicas; a própria ideia de algo único desaparece quando tudo pode ser reproduzido infinitamente. Em quantas redes sociais você pode publicar as selfies que produz? Inúmeras, não é mesmo? Além delas, você pode postar suas fotos em blogs e sites, pode mandá-las por e-mail ou por aplicativos de mensagens instantâneas e, em pouquíssimo tempo, elas estarão em diversos lugares. Mas qual delas é a original? O fato de serem cópias idênticas impede que possamos eleger alguma como “original”.
(VALENTE, 1993.)
Pensadores alemães de origem judaica e inspiração marxista e da psicanálise juntaram-se para fundar o instituto de pesquisa que deu origem à Escola de Frankfurt. Dentre eles estão Theodor Adorno e Walter Benjamin, dentre outros. Esses dois filósofos especificamente:
Nós começamos pelo belo como tal. E esta ideia que é una, ir-se-á diferenciando, particularizando, a partir de si própria irá originando a variedade, a multiplicidade, as diferenças, as múltiplas e diversas formas e figuras da arte que, então, se vêm a apresentar como produções necessárias.
(HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Fenomenologia do Espírito. Petrópolis: Vozes, 1992.)
Principal representante do idealismo alemão, Georg Wilhelm Friedrich Hegel nasceu em 27 de agosto de 1770. É autor de uma obra rica e profunda que aborda dentro de si uma gama enorme de assuntos, tais como a consciência, a ética, a política, a estética, a religião e a história. Sobre a arte, especificamente, ele afirma que:
Estado que estabelece uma religião como oficial. Em consequência, essa religião desfruta de condições privilegiadas, assim como seu clero. Por vezes, ser adepto dessa religião é condição para acesso a certos cargos públicos, como na administração, nas escolas e no judiciário.
(MENDONÇA, Amanda; SEPULVEDA, Denize; SEPULVEDA, José Antonio. Laicidade na Educação: políticas, conceitos e práticas. Observatório da Laicidade na Educação. Niterói: Novas edições acadêmicas, 2022. P. 10.)
Na história do Estado brasileiro, as informações relacionam-se corretamente com:
Sobre os objetivos do ensino religioso na educação básica brasileira, analise as afirmativas a seguir.
(03) Proporcionar a aprendizagem dos conhecimentos religiosos, culturais e estéticos, a partir das manifestações religiosas percebidas na realidade dos educandos.
(06) Propiciar conhecimentos sobre o direito à liberdade de consciência e de crença, no constante propósito de promoção dos cânones.
(09) Desenvolver competências e habilidades, que contribuam para o diálogo entre perspectivas religiosas e seculares de vida, exercitando o respeito à liberdade de concepções e o pluralismo de ideias.
(15) Contribuir para que os educandos construam seus sentidos pessoais de vida a partir de valores, princípios éticos e da cidadania.
O somatório de todos os números identificadores de afirmativas corretas resulta em
O professor de ensino religioso do ensino fundamental entregou aos alunos uma filipeta contendo as duas definições a seguir e propôs que eles criassem grupos, discutissem e chegassem a uma conclusão a respeito do assunto.
I. Aquele que proclama que toda e qualquer religião é alienada e alienante, em termos sociais e/ou individuais. Para combater a alienação, o Estado tenta suprimir toda e qualquer religião. Se não consegue proibi-la, completamente, dificulta ao máximo suas práticas, inibe sua difusão e desenvolve contínua e sistemática propaganda antirreligiosa.
(MENDONÇA, Amanda; SEPULVEDA, Denize; SEPULVEDA, José Antonio. Laicidade na Educação: políticas, conceitos e práticas. Observatório da Laicidade na Educação. Niterói: Novas edições acadêmicas, 2022. P. 10.)
II. Aquele que tem sua legitimidade em todo o povo, ou seja, na soberania popular. O Estado é imparcial em matéria de religião. Ele respeita todas as crenças religiosas, desde que não atentem contra a ordem pública, assim como também respeita a não crença religiosa.
(MENDONÇA, Amanda; SEPULVEDA, Denize; SEPULVEDA, José Antonio. Laicidade na Educação: políticas, conceitos e práticas. Observatório da Laicidade na Educação. Niterói: Novas edições acadêmicas, 2022. p 10-11.)Antes de iniciar o momento de discussão, o professor foi explícito quanto ao objetivo da aula, que era refletir sobre a relação entre o homem e a religiosidade na construção do contrato sociopolítico nacional. Ao final, os grupos manifestaram as seguintes conclusões:
GRUPO 01 – No tópico I existe a definição de um Estado ateu, enquanto no tópico II há a identificação de um Estado laico.
GRUPO 02 – No tópico I existe a definição de um Estado laico, enquanto no tópico II há a identificação de um Estado ateu.
GRUPO 03 – Os dois tópicos apresentam pequenos textos com lastros concretos e que configuram entre si uma relação de antagonismo.
GRUPO 04 – Os dois tópicos apresentam textos com relação lexical de simetria, contudo o primeiro não representa uma base na realidade.
A respeito das conclusões dos grupos sobre os conteúdos dos tópicos e suas relações, as únicas manifestações corretas foram as dos grupos: