Questões de Concurso Público IF Sul Rio-Grandense 2021 para Professor - Português/Literatura
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HÚMUS
Pátios de lajes soerguidas pelo único
esforço da erva: o castelo –
a escada, a torre, a porta,
a praça.
Tudo isto flutua debaixo
de água, debaixo de água.
− Ouves
o grito dos mortos?
A pedra abre a cauda de ouro incessante,
só a água fala nos buracos.
São palavras pronunciadas com medo de pousar,
uma tarde que viesse na ponta dos pés, o som
devagar de uma
borboleta.
− A morte não tem
só cinco letras. Como a claridade na água
para me entontecer,
a cantaria lavrada:
com um povo de estátuas em cima,
com um povo de mortos em baixo.
Primaveras extasiadas, espaços negros, flores desmedidas
− todos os dias debalde repelimos os mortos.
É preciso criar palavras, sons, palavras
vivas, obscuras, terríveis.
[...]
HELDER, Herberto. Poemas completos. Rio de Janeiro: Tinta-da-china Brasil, 2016. p. 215-216.
Com base no excerto, em seu diálogo com o texto-fonte e nas características da produção de Herberto Helder apontadas por Saraiva e Lopes (2004), leia as afirmações abaixo e marque V, para as verdadeiras, e F, para as falsas.
( ) Ao empreender uma operação que recombina diferentes passagens do texto-fonte, Herberto Helder adota uma postura de transgressão da linearidade do discurso. Com isso, não só se alinha à experimentação que predomina na poesia portuguesa durante a década de 1960, mas também se mostra tributário do Surrealismo, uma vez que a montagem possibilita uma liberdade metafórica própria desse movimento. ( ) A rede imagética obtida pela modificação do texto-fonte altera a cena inicial, trazendo ao poema camadas de significação distintas daquelas que se manifestam na abertura da obra de Brandão. A presença, por exemplo, de metáforas associadas ao elemento aquático minimiza o abatimento associado à imagem do “invólucro de pedra”, dado pertencerem ao campo semântico da fluidez. ( ) A transmutação operada por Helder no nível do significante também se manifesta tematicamente: imagens ligadas à finitude são apresentadas juntamente com símbolos de fecundação e renascimento, sugerindo uma ideia de coincidência dos opostos própria do imaginário hermético-alquímico. A simetria entre o que está “em cima” e o que está “em baixo” reforça essa possibilidade interpretativa.
A sequência correta, de cima para baixo, é
HÚMUS
Pátios de lajes soerguidas pelo único
esforço da erva: o castelo –
a escada, a torre, a porta,
a praça.
Tudo isto flutua debaixo
de água, debaixo de água.
− Ouves
o grito dos mortos?
A pedra abre a cauda de ouro incessante,
só a água fala nos buracos.
São palavras pronunciadas com medo de pousar,
uma tarde que viesse na ponta dos pés, o som
devagar de uma
borboleta.
− A morte não tem
só cinco letras. Como a claridade na água
para me entontecer,
a cantaria lavrada:
com um povo de estátuas em cima,
com um povo de mortos em baixo.
Primaveras extasiadas, espaços negros, flores desmedidas
− todos os dias debalde repelimos os mortos.
É preciso criar palavras, sons, palavras
vivas, obscuras, terríveis.
[...]
HELDER, Herberto. Poemas completos. Rio de Janeiro: Tinta-da-china Brasil, 2016. p. 215-216.
Com base nas análises do autor sobre o movimento concretista brasileiro, é correto afirmar que
Uma revisão do esquema de Goldmann possibilita a análise do romance brasileiro moderno, após 1930, a partir da observação de um grau crescente de tensão entre o herói e o seu meio.
Sobre essa análise, é INCORRETO afirmar que
Bagno afirma em seu texto que “a língua está sempre em processo de transformação, e isso é inevitável, é da própria natureza das línguas: uma língua, enquanto tiver falantes que a mantenham viva, está sempre mudando” (linhas 25-27). Na bibliografia indicada, observamos diferentes concepções de língua que levam em conta ou não a variação linguística.
Sobre esse tema, analise as afirmativas:
I. Cegalla (2008) reconhece que os sistemas linguísticos são mutáveis, sujeitos à ação da passagem do tempo e ao uso em diferentes espaços geográficos. Assim, define que a gramática normativa traga a língua conforme seja falada em determinado momento evolutivo.
II. Para Marcuschi (2012), a língua é uma prática sociointerativa, histórica e cognitivamente embasada. Tal perspectiva não ignora que a língua seja um sistema simbólico e a entende como uma atividade de interação social que acontece em contextos comunicativos historicamente situados.
III. Marcuschi (2012) afirma que, para o ensino de língua portuguesa em uma perspectiva atual, é preciso entender que a língua é variada e variável, prevendo que há heterogeneidade na comunidade linguística, nos estilos e registros de uma língua e no próprio sistema linguístico.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)
A partir dessas reflexões e de acordo com alguns autores, analise as afirmativas abaixo e marque V, para as verdadeiras, e F, para as falsas.
( ) Othon Garcia (2006) indica que, ao preocupar-se somente com aspectos de correção gramatical no ensino da língua, deixa-se de lado importantes aspectos de construção textual que instrumentalizam os jovens a pensarem com clareza e objetividade, expressando-se, assim, de forma mais eficaz. ( ) Celso Cunha e Lindley Cintra (2006) afirmam que, assim como o comportamento social é regulado por normas, os usos linguísticos também o são, embora de forma mais complexa e coercitiva. Sendo assim, o uso correto do idioma deve acompanhar as exigências da comunidade linguística a que pertence o indivíduo. ( ) Othon Garcia (2006) associa a inteligibilidade de um enunciado exclusivamente à construção gramatical correta segundo a norma. Para o autor, a não observância da gramaticalidade resulta em enunciados que dificilmente seriam compreendidos fora do seu contexto, prejudicando a autossuficiência da comunicação escrita. ( ) Magda Soares (2010) menciona que o fracasso da escola brasileira na alfabetização de crianças das camadas populares deve-se, também, ao fato de que a escola desconsiderou durante décadas as variedades linguísticas dessa população, tratandoas como erro e não as incorporando ao processo de alfabetização.
A sequência correta, de cima para baixo, é
Das análises abaixo, qual estabelece uma relação adequada entre a sentença retirada do texto de Bagno, a informação implícita veiculada e a classificação proposta por Fiorin e Savioli?
Das sentenças apresentadas abaixo, a que contém um caso de mudança atinente à regência verbal registrado por Cunha e Cintra é:
Levando em consideração os fatos linguísticos inventariados por Cunha e Cintra (2016), em relação ao fenômeno da concordância verbal, leia as afirmações abaixo e marque V, para as verdadeiras, e F, para as falsas.
( ) O emprego do pronome relativo quem como sujeito faz com que o verbo se flexione normalmente na terceira pessoa do singular. Porém, não é incomum, de acordo com Cunha e Cintra, escritores consagrados, em consonância com o uso preferencial da linguagem popular, concordarem o verbo com o pronome pessoal que antecede o relativo, pondo em relevo o sujeito efetivo da ação expressa. ( ) O verbo ser, em alguns casos, concorda com o predicativo expresso por substantivo no plural quando pronomes como isto, isso, aquilo ou tudo desempenham a função de sujeito da oração. Não obstante tal convenção, Cunha e Cintra reconhecem não ser raro aparecer o verbo no singular, em conformidade com o pronome demonstrativo ou com o indefinido, realçando-se o conjunto, e não os elementos que o compõem. ( ) Se o sintagma nominal do sujeito é quantificado com expressão de porcentagem, o verbo flexiona-se, em regra, na terceira pessoa do plural caso esse percentual seja maior do que 1%. Contudo, Cunha e Cintra observam que, em registros menos monitorados, o verbo pode ficar na terceira pessoa do singular caso o número percentual venha acompanhado por adjunto adnominal cujo núcleo esteja no singular. ( ) Quando o sujeito composto encontra-se após o verbo, admite-se flexão no singular, concordando com o substantivo mais próximo. Em simetria a essa possibilidade, Cunha e Cintra constatam que, na linguagem coloquial, o verbo também tem se flexionado no singular ao anteceder sujeito simples com núcleo no plural, uma vez que o sintagma nominal deixa de ser percebido como sujeito por ocupar a posição sintática de objeto. ( ) Prescreve-se, como regra geral, uma flexão hierarquizada quando o sujeito composto é constituído por diferentes pessoas verbais: a primeira prepondera sobre a segunda e a terceira; a segunda pessoa prepondera sobre a terceira. Todavia, Cunha e Cintra admitem que, na linguagem corrente do Brasil, pode-se encontrar o verbo conjugado na terceira pessoa do plural, apesar da presença de termo indicador de segunda pessoa.
A sequência correta, de cima para baixo, é
“Num país classificado entre os mais desiguais do planeta, com indicadores sociais estarrecedores, a fala das pessoas mais pobres e sem acesso à escolaridade plena (por meio da qual se tem acesso aos modos de falar prestigiados e às regras da norma-padrão) é incontornavelmente considerada repleta de ‘erros’.” (linhas 62-66).
Na sentença entre parênteses, Marcos Bagno faz uso de uma oração adjetiva em que o emprego de preposição antes do pronome relativo está em conformidade com papel desempenhado pelo termo retomado no processo de encaixamento próprio desse tipo de subordinação.
Em qual sentença (frase) abaixo, o uso da preposição também se adequa ao contexto, seguindo a prescrição normativa?
Observe a tirinha a seguir:
MACEDO, André. Curtas e grossas do Betinho e do Libório n. 8. Pelotas: UFPEL, 2004.
Na tirinha, o personagem Betinho faz o entendimento da expressão “pinte aquela árvore” de forma literal. Marcuschi (2012) analisa o papel do sentido literal no processo de compreensão textual com base nos estudos de Ariel.
A partir dessas ponderações, afirma-se que o
Levando em conta o trabalho com compreensão de textos na sala de aula de língua portuguesa proposto por Marcuschi (2012), analise as afirmativas abaixo:
I. A compreensão do texto é vista como resultado final dos processos estratégico, interativo e inferencial realizados pelo aluno a partir da leitura do texto.
II. A análise das atividades de compreensão textual apresenta três aspectos importantes: a concepção de língua que se adota, a noção de texto e de seu funcionamento, além da noção de inferência.
III. A inferência é resultado de uma compreensão específica regrada a partir da articulação entre elementos cotextuais, contextuais e cognitivos.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)
I. Conforme Bakhtin, os significados são entendidos de acordo com o contexto de elaboração da obra, a situação de produção e os objetivos do autor, além de levar em conta, também, os novos leitores e o momento em que a obra é lida e ressignificada. II. A partir da premissa de que as esferas da atividade humana possibilitam o surgimento de diferentes gêneros textuais e, consequentemente, os enunciados, o autor indica que três elementos genéricos se unem na realização dos enunciados: o estilo, o conteúdo temático e a estrutura composicional. III. Em decorrência das teorias bakhtinianas, entende-se a leitura como réplica ativa, uma vez que se relaciona o texto tanto com discursos anteriores a ele, emaranhados nele e posteriores a ele, quanto com infinitas possibilidades de réplica que geram novos discursos/textos.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)
Relacione as colunas abaixo, associando cada procedimento de uma sequência didática à sua respectiva finalidade.
Coluna 1 1. Apresentação da situação 2. Produção inicial 3. Módulos de ensino 4. Produção final
Coluna 2 ( ) dar conta dos problemas, seguindo uma sequência que vai do mais complexo ao mais simples, para voltar à produção textual. ( ) conhecer o potencial de escrita dos alunos sobre o gênero estudado. ( ) produzir o texto no gênero estudado durante o processo. ( ) estudar o contexto de produção do gênero abordado e suas características. A sequência correta, de cima para baixo, é
( ) O estudo dos gêneros textuais deve incluir a análise do texto e do discurso, a visão de sociedade, a descrição da língua e o seu uso no cotidiano nas mais diversas formas. ( ) Os livros didáticos tratam a atividade de compreensão como cópia dos textos apresentados, considerando-os mera soma de informações. ( ) Embora os gêneros textuais se constituam como atividades sociais, passíveis de ampla análise, o trabalho em sala de aula deve se ater aos aspectos estruturais, informacionais e comunicativos. ( ) O uso de sequências didáticas permite criar situações com contextos que possibilitam reproduzir a circunstância concreta de produção textual, incluindo a circulação dos gêneros orais e escritos.
A sequência correta, de cima para baixo, é
Sobre o trabalho com textos multimodais, é adequado afirmar que