Questões de Concurso Público Colégio Pedro II 2019 para Psicólogo
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Em 2005, diversos profissionais da saúde mental ligados ao Ministério da Saúde e à Secretaria de Atenção à Saúde, por meio do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, publicaram material em que são sugeridos vários princípios baseados em uma ética e em uma lógica do cuidado.
O trecho a seguir, extraído da referida publicação, discorre sobre um desses princípios:
Este princípio significa que as portas de todos os serviços públicos de saúde mental infanto-juvenil devem estar abertas a todo aquele que chega […]. Trata-se de acabar com as barreiras burocráticas que dificultam o acesso ao serviço e romper com a lógica do encaminhamento irresponsável, que faz com que aquele que procura atendimento percorra, infinitamente, uma série de serviços e não encontre acolhida em nenhum.
Caminhos para uma política de saúde mental infanto-juvenil. Brasília: Ministério da Saúde, 2005.
O princípio ao qual o trecho se refere é o de
O tema do fracasso escolar, entendido como repetência, evasão escolar ou distúrbio de aprendizagem, vem sendo amplamente debatido nos campos da Psicologia e da Educação. O fracasso escolar, na contingência de nossa temporalidade, desafia tanto psicólogos quanto educadores que tentam dizer algo sobre o seu funcionamento. A psicanalista Ruth Cohen publicou diversos trabalhos sobre o tema, a fim de elucidar a lógica do fracasso escolar em uma perspectiva multidisciplinar.
Para a pesquisadora, o fracasso escolar deve ser entendido como
Winnicott descreve o crescimento emocional em termos de uma jornada separada em três categorias.
Essas categorias são:
Wallon (1975) compreende os estágios de desenvolvimento de forma dialética, em um processo de integração de afetividade e inteligência. Seguindo essa concepção, o autor reconhece diferentes etapas, do nascimento até a adolescência.
WALLON, H. As etapas da personalidade da criança. Lisboa: Estampas, 1975.
Há um estágio de desenvolvimento específico, situado por volta dos 6 aos 11 anos de idade, em que se desenvolve uma evolução no domínio da percepção e do conhecimento, tornando possíveis comparações, distinções e assimilações sistemáticas e coerentes.
Esse estágio é chamado por Wallon de
Foucault (1977) discorre sobre a instituição escolar, discutindo acerca da especificidade de um mecanismo que aparelha de forma ininterrupta a operação do ensino, exercendo um controle e uma vigilância que permite qualificar, classificar e punir. Tal mecanismo vale como cerimônia da objetificação dos indivíduos dessa instituição.
FOUCAULT, M. Vigiar e punir. Petrópolis: Vozes, 1977.
O mecanismo ao qual Foucault se refere é o(a)
Para Harper et al. (2000), a escola não pode ser pensada como uma categoria abstrata, portadora de uma natureza imutável. A escola não pode ser lograda fora da compreensão de algo mais abrangente que ela: a sociedade mesma na qual está inserida. Desse modo, a escola não pode ser concebida desagarrada do contexto histórico-social, econômico e político da sociedade.
HARPER, B. et al. Cuidado, escola!: desigualdade, domesticação e algumas saídas. São Paulo: Brasiliense, 2000.
Assinale a alternativa que está em DESACORDO com a concepção de escola defendida pelos autores.
Atualmente, verifica-se um aumento do número de diagnósticos médicos e de subsequente ingestão de medicação por crianças e jovens em idade escolar. Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, transtorno desafiador opositivo, transtorno obsessivo compulsivo e mesmo obesidade e dislexia constituem uma parte substancial das patologias ou distúrbios que ocupam as salas de aula das nossas escolas. A emergência desses diagnósticos de significado expressivo no universo da saúde pública – que, em certos casos, podem considerar-se mais ou menos nebulosos, pois, não raras vezes, revelam desinformação generalizada, quer do ponto de vista dos discursos, quer do ponto de vista das práticas a eles associada – tende a estar, efetivamente, relacionada com a ideia de uma crescente medicalização da educação e da sociedade.
PAIS, S. C.; MENEZES, I.; NUNES, J. A. Saúde e escola: reflexões em torno da medicalização da educação, 2016. Disponível em: http://www.scielo.br. Acesso em: 15 jul. 2019.
Pensando na problemática da medicalização, tratada no fragmento acima, analise as afirmativas a seguir:
I. O campo da educação se configura como um primeiro lugar em que emerge um olhar mais atento
para potenciais problemas que as crianças e jovens possam estar enfrentando. Por isso, os
profissionais da educação precisam estar familiarizados com o discurso médico, já que, com base
em um diagnóstico bem estabelecido, qualquer comportamento inesperado da criança é justificado
pela doença que ela apresenta. A localização de um problema na criança não é capaz de produzir
efeitos excludentes no seu processo de ensino e aprendizagem.
II. A educação produz uma atuação inclusiva e de remediação dos problemas de aprendizagem, ao acionar o saber médico ali onde o ensino fracassou.
III. O fenômeno da medicalização no discurso escolar acaba por reforçar potenciais fragilidades vivenciadas pelas crianças e suas famílias, aumentando a dimensão segregadora do espaço escolar, além de provocar uma desresponsabilização da instituição escolar.
Assinale a alternativa que indica a(s) afirmativa(s) que corresponde(m) à visão dos autores sobre a questão.
Analise as afirmativas a seguir no que se refere à intervenção do psicólogo na prestação de serviços psicológicos que estejam sendo efetuados por outro profissional de Psicologia nas seguintes situações:
I. a pedido do profissional;
II. em caso de emergência ou risco ao beneficiário, quando dará ciência ao profissional em um prazo máximo de 15 dias;
III. quando informado expressamente, por qualquer uma das partes, da interrupção temporária e involuntária do serviço;
IV. quando se tratar de trabalho multiprofissional e a intervenção fizer parte da metodologia adotada.
Estão de acordo com o artigo 7º do Código de Ética Profissional do Psicólogo
A temática da adolescência tem sido abordada por muitos autores da psicologia do desenvolvimento como um importante processo que os sujeitos atravessam em seu ciclo vital. Sonia Alberti (2004) define a adolescência como uma travessia na qual o sujeito se depara com o fato de que seus pais são incompletos e faltosos, assumindo um longo trabalho de elaboração de perdas, além de um longo trabalho de elaboração de escolhas.
ALBERTI, S. O adolescente e o Outro. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.
Alberti aponta a importância da função dos pais nesse processo do adolescente de travessia e de separação do Outro. Nesse sentido, a autora indica que os pais precisam
Segundo Goffman (2013), a sociedade estabelece os meios de categorizar as pessoas e o total de atributos considerados comuns e naturais para os membros de cada uma dessas categorias. Os ambientes sociais estabelecem as categorias de pessoas que têm probabilidade de serem nelas encontradas. Goffman afirma que, quando um estranho nos é apresentado, os primeiros aspectos nos permitem prever a sua categoria e os seus atributos, a sua identidade social.
GOFFMAN E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
Assinale a alternativa com a definição de estigma que NÃO corresponde àquela dada por Goffman.
O Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5) é considerado referência para a prática clínica no campo da saúde mental e da psicologia. Assim, é fundamental acompanhar as modificações e evoluções dos critérios diagnósticos apresentados por esse manual.
Analise as afirmativas a seguir no que diz respeito às modificações ocorridas do DSM-IV para o DSM-5:
I. Os transtornos da comunicação, que foram denominados no DSM-IV de transtorno fonológico e
tartamudez, não incluem o transtorno da linguagem; foi excluído também o transtorno da
comunicação social (pragmática).
II. O transtorno de Asperger e o transtorno autista (autismo), descritos no DSM-IV, são agora no DSM5 englobados no transtorno do espectro autista.
III. O transtorno específico da aprendizagem combina os diagnósticos do DSM-IV de transtorno da leitura, transtorno da matemática, transtorno da expressão escrita e transtorno da aprendizagem sem outra especificação.
Estão corretas
Jean Oury, médico psiquiatra e psicanalista francês, trouxe importantes contribuições para a prática nas instituições psiquiátricas por meio da psicanálise. Dentre essas, elaborou a noção de coletivo, que implica uma lógica que permite preservar uma dimensão singular dos sujeitos, mesmo estando estes inseridos em uma organização. Segundo Geoffroy e Alberti (2015), tal conceito é essencial para a prática da psicologia na escola, podendo facilitar a emergência do sujeito, resistindo à lógica frequentemente observada nas instituições escolares de normatização e consequente produção de crianças desadaptadas. O coletivo, portanto, “implica na função de colocar em funcionamento alguma coisa que, num meio amorfo, praticamente inerte e muito misturado, possibilite algum tipo de distinção” (Cavalcanti, 1992, p. 197).
GEOFFROY, R.; ALBERTI, S. Contribuições de Jean Oury para verificar uma possível emergência do sujeito na escola. Estilos da Clínica, v. 20, n. 2, 2015.
CAVALCANTI, M. T. O tear das cinzas. Dissertação (Mestrado em Psicologia). Rio de Janeiro: UFRJ, 1992.
A função mencionada no texto, concernida ao coletivo, a qual possibilita a distinção entre diferentes registros e patamares, é compreendida por Oury como
Vygotsky, importante teórico da Psicologia do Desenvolvimento, dedicou-se ao estudo da aprendizagem em uma perspectiva sociointeracionista. Dentre os conceitos propostos pelo autor, um se refere a uma área de aprendizagem intermediária, situada entre dois campos: um campo em que um conjunto de conhecimentos já foi consolidado pela criança e outro campo em que a criança não consegue realizar sozinha determinada tarefa, mas consegue realizá-la na interação com um professor ou colega em nível mais avançado.
De acordo com o teórico, esse intervalo, que anuncia a existência de funções em estado de amadurecimento, é chamado de
O Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor Público foi instituído por meio do Decreto n o 6.833, de 29 de abril de 2009.
De acordo com o art. 3º do referido decreto, considera-se a perícia oficial como uma
A Lei nº 13.146, de 6/7/2015, é conhecida como Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). O art. 28 determina incumbências do poder público em relação à educação da pessoa com deficiência, devendo este assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar diversos aspectos educacionais. A respeito de tais incumbências, foram feitas as seguintes afirmativas:
I. O sistema educacional inclusivo deve ser em todos os níveis e modalidades, bem como o aprendizado ao longo da vida.
II. O aprimoramento dos sistemas educacionais deve ser por meio de ofertas de serviços que favoreçam a manutenção de barreiras de acessibilidade e promovam a inclusão parcial.
III. O acesso à educação superior e à educação profissional e tecnológica deve ser em igualdade de oportunidades e condições com as demais pessoas.
IV. A oferta de educação deve ser bilíngue, na modalidade escrita da língua portuguesa como primeira língua e em Libras como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas.
De acordo com a referida lei, estão corretas
Na página do Ministério da Saúde há informações a respeito da prevenção ao suicídio, entendido como um fenômeno complexo, multifacetado e de múltiplas determinações (cf.: http://saude.gov.br/saude-de-az/suicidio).
Sabendo que esse fenômeno pode afetar indivíduos de diferentes origens, classes sociais, idades e identidades de gênero, é INCORRETO afirmar que
O documento Relações raciais: referências técnicas para a prática da(o) psicóloga(o) foi elaborado no âmbito do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas e apresentado à categoria e à sociedade pelo Conselho Federal de Psicologia. Esse trabalho indica três dimensões em que o racismo se apresenta. Em relação a uma dessas dimensões, o documento apresenta alguns exemplos.
Analise os dois exemplos a seguir, extraídos do referido documento:
• O não reconhecimento por parte de psicólogas(os) da existência do sofrimento psíquico oriundo do racismo em processos terapêuticos.
• Na escola, crianças negras são frequentemente consideradas “problema”, tendo menor investimento por parte dos educadores. Elas são frequentemente encaminhadas para atendimento psicológico e, se a(o) psicóloga(o) clínica(o) ou escolar não estiver atento à temática racial, tratará a situação como se fosse um problema da criança e de sua família, negligenciando o racismo, o seu enfrentamento institucional, interpessoal e intrapsíquico.
Esses exemplos se referem ao racismo em sua dimensão
Em seus estudos sobre a Teoria do Desenvolvimento Emocional, Winnicott discorre sobre o desenvolvimento da capacidade de se preocupar.
Sobre esse tema, analise as afirmativas:
I. É necessário ser preciso sobre o exato momento em que a preocupação – em seu aspecto positivo – surge no desenvolvimento emocional da criança.
II. Preocupação indica o fato de o indivíduo se importar, ou valorizar, bem como sentir e aceitar responsabilidade.
III. A palavra preocupação é utilizada para expressar de forma positiva um fenômeno que, em seu aspecto negativo, é expresso pela culpa.
IV. O sentimento de culpa é descrito como a ansiedade ligada ao conceito de ambivalência e implica algum grau de integração do ego do indivíduo.
Estão corretas
Segundo o autor Rodolfo Bohoslavsky, a orientação vocacional refere-se a um processo de orientação frente a uma situação de escolha que pode ser vivenciada como crise na adolescência, pois enfrenta-se a passagem e a necessidade de tomar decisões quanto ao seu futuro e à sua identidade ocupacional. O autor indica que a atuação do profissional de psicologia no processo de orientação vocacional pode ser realizada em dois tipos de modalidades: a estatística e a clínica.
Assinale a alternativa que apresenta concepções da modalidade estatística.
Philippe Ariès (1986) assinala que até por volta do século XII não se discriminava a infância como um lugar distinto do mundo do adulto, sendo as crianças caracterizadas nas artes como “homens de tamanho reduzido”. No fim do século XVI e ao longo do século XVII, passa a acontecer uma grande reforma nos costumes, que disciplinou a sociedade burguesa, trazendo um interesse inédito pela infância e introduzindo o que Ariès nomeia de “o sentimento moderno de infância”. Foi nessa época que emergiu uma concepção moral da infância, uma “verdadeira doutrina” que dominou a literatura pedagógica da época e culminou na multiplicação das instituições educacionais em direção a uma disciplina.
ARIÈS, P. História social da criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986.
Neste livro, Ariès descreve quatro princípios gerais, decorrentes dessa nova concepção moral da infância, que são: