Questões de Concurso Comentadas para assistente administrativo

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Q2254843 Português
O grande mistério

    Há dias já que buscavam uma explicação para os odores esquisitos que vinham da sala de visitas. Primeiro houve um erro de interpretação: o quase imperceptível cheiro foi tomado como sendo de camarão. No dia em que as pessoas da casa notaram que a sala fedia, havia um soufflé de camarão para o jantar. Daí...
      Mas comeu-se o camarão, que inclusive foi elogiado pelas visitas, jogaram as sobras na lata do lixo e — coisa estranha — no dia seguinte a sala cheirava pior.
    Talvez alguém não gostasse de camarão e, por cerimônia, embora isso não se use, jogasse a sua porção debaixo da mesa. Ventilada a hipótese, os empregados espiaram e encontraram apenas um pedaço de pão e uma boneca de perna quebrada, que Giselinha esquecera ali. E como ambos os achados eram inodoros, o mistério persistiu.
    Os patrões chamaram a arrumadeira às falas. Que era um absurdo, que não podia continuar, que isso, que aquilo. Tachada de desleixada, a arrumadeira caprichou na limpeza. Varreu tudo, espanou, esfregou e... nada. Vinte e quatro horas depois, a coisa continuava. Se modificação houver, fora para um cheiro mais ativo.
    À noite, quando o dono da casa chegou, passou uma espinafração geral e, vítima da leitura dos jornais, que folheara na lotação, chegou até a citar a Constituição na defesa de seus interesses. 
    — Se eu pago empregadas para lavar, passar, limpar, cozinhar, arrumar e ama-secar, tenho o direito de exigir alguma coisa. Não pretendo que a sala de visitas seja um jasmineiro, mas feder também não. Ou sai o cheiro ou saem os empregados.
    Reunida na cozinha, a criadagem confabulava. Os debates eram apaixonados, mas num ponto todos concordavam: ninguém tinha culpa. A sala estava um brinco; dava até gosto ver. Mas ver, somente, porque o cheiro era de morte.
    Então alguém propôs encerar. Quem sabe uma passada de cera no assoalho não iria melhorar a situação?
    — Isso mesmo — aprovou a maioria, satisfeita por ter encontrado uma fórmula capaz de combater o mal que ameaçava seu salário. 
    Pela manhã, ainda ninguém se levantara, e já a copeira e o chofer enceravam sofregamente, a quatro mãos. Quando os patrões desceram para o café, o assoalho brilhava. O cheiro da cera predominava, mas o misterioso odor, que há dias intrigava a todos, persistia, a uma respirada mais forte.
    Apenas uma questão de tempo. Com o passar das horas, o cheiro da cera — como era normal — diminuía, enquanto o outro, o misterioso — estranhamente, aumentava. Pouco a pouco reinaria novamente, para desespero geral de empregados e empregadores.
    A patroa, enfim, contrariando os seus hábitos, tomou uma atitude: desceu do alto do seu grã-finismo com as armas de que dispunha, e com tal espírito de sacrifício que resolveu gastar os seus perfumes. Quando ela anunciou que derramaria perfume francês no tapete, a arrumadeira comentou com a copeira:
    — Madame apelou para a ignorância.
    E salpicada que foi, a sala recendeu. A sorte estava lançada. Madame esbanjou suas essências com uma altivez digna de uma rainha a caminho do cadafalso. Seria o prestígio e a experiência de Carven, Patou, Fath, Schiaparelli, Balenciaga, Piguet e outros menores, contra a ignóbil catinga.
    Na hora do jantar a alegria era geral. Não restavam dúvidas de que o cheiro enjoativo daquele coquetel de perfumes era impróprio para uma sala de visitas, mas ninguém poderia deixar de concordar que aquele era preferível ao outro, finalmente vencido.
    Mas eis que o patrão, a horas mortas, acordou com sede. Levantou-se cauteloso, para não acordar ninguém, e desceu as escadas, rumo à geladeira. Ia ainda a meio caminho quando sentiu que o exército de perfumistas franceses fora derrotado. O barulho que fez daria para acordar um quarteirão, quanto mais os da casa, os pobres moradores daquela casa, despertados violentamente, e que precisavam perguntar nada para perceberem o que se passava. Bastou respirar.
    Hoje pela manhã, finalmente, após buscas desesperadas, uma das empregadas localizou o cheiro. Estava dentro de uma jarra, uma bela jarra, orgulho da família, pois tratava-se de peça raríssima, da dinastia Ming.
    Apertada pelo interrogatório paterno Giselinha confessou- -se culpada e, na inocência dos seus três anos, prometeu não fazer mais.
    Não fazer mais na jarra, é lógico.
    
    (PONTE PRETA, Stanislaw. O grande mistério. In: Rosamundo e os outros. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1963. P. 76.)
O significado atribuído às palavras pode ser diferente considerando o contexto no qual estiverem inseridas. A partir de tal pressuposto, sem que haja prejuízo da coerência e sentido textuais apresentados, assinale a proposta inadequada de substituição para a palavra ou expressão destacada a seguir.
Alternativas
Q2254842 Português
O grande mistério

    Há dias já que buscavam uma explicação para os odores esquisitos que vinham da sala de visitas. Primeiro houve um erro de interpretação: o quase imperceptível cheiro foi tomado como sendo de camarão. No dia em que as pessoas da casa notaram que a sala fedia, havia um soufflé de camarão para o jantar. Daí...
      Mas comeu-se o camarão, que inclusive foi elogiado pelas visitas, jogaram as sobras na lata do lixo e — coisa estranha — no dia seguinte a sala cheirava pior.
    Talvez alguém não gostasse de camarão e, por cerimônia, embora isso não se use, jogasse a sua porção debaixo da mesa. Ventilada a hipótese, os empregados espiaram e encontraram apenas um pedaço de pão e uma boneca de perna quebrada, que Giselinha esquecera ali. E como ambos os achados eram inodoros, o mistério persistiu.
    Os patrões chamaram a arrumadeira às falas. Que era um absurdo, que não podia continuar, que isso, que aquilo. Tachada de desleixada, a arrumadeira caprichou na limpeza. Varreu tudo, espanou, esfregou e... nada. Vinte e quatro horas depois, a coisa continuava. Se modificação houver, fora para um cheiro mais ativo.
    À noite, quando o dono da casa chegou, passou uma espinafração geral e, vítima da leitura dos jornais, que folheara na lotação, chegou até a citar a Constituição na defesa de seus interesses. 
    — Se eu pago empregadas para lavar, passar, limpar, cozinhar, arrumar e ama-secar, tenho o direito de exigir alguma coisa. Não pretendo que a sala de visitas seja um jasmineiro, mas feder também não. Ou sai o cheiro ou saem os empregados.
    Reunida na cozinha, a criadagem confabulava. Os debates eram apaixonados, mas num ponto todos concordavam: ninguém tinha culpa. A sala estava um brinco; dava até gosto ver. Mas ver, somente, porque o cheiro era de morte.
    Então alguém propôs encerar. Quem sabe uma passada de cera no assoalho não iria melhorar a situação?
    — Isso mesmo — aprovou a maioria, satisfeita por ter encontrado uma fórmula capaz de combater o mal que ameaçava seu salário. 
    Pela manhã, ainda ninguém se levantara, e já a copeira e o chofer enceravam sofregamente, a quatro mãos. Quando os patrões desceram para o café, o assoalho brilhava. O cheiro da cera predominava, mas o misterioso odor, que há dias intrigava a todos, persistia, a uma respirada mais forte.
    Apenas uma questão de tempo. Com o passar das horas, o cheiro da cera — como era normal — diminuía, enquanto o outro, o misterioso — estranhamente, aumentava. Pouco a pouco reinaria novamente, para desespero geral de empregados e empregadores.
    A patroa, enfim, contrariando os seus hábitos, tomou uma atitude: desceu do alto do seu grã-finismo com as armas de que dispunha, e com tal espírito de sacrifício que resolveu gastar os seus perfumes. Quando ela anunciou que derramaria perfume francês no tapete, a arrumadeira comentou com a copeira:
    — Madame apelou para a ignorância.
    E salpicada que foi, a sala recendeu. A sorte estava lançada. Madame esbanjou suas essências com uma altivez digna de uma rainha a caminho do cadafalso. Seria o prestígio e a experiência de Carven, Patou, Fath, Schiaparelli, Balenciaga, Piguet e outros menores, contra a ignóbil catinga.
    Na hora do jantar a alegria era geral. Não restavam dúvidas de que o cheiro enjoativo daquele coquetel de perfumes era impróprio para uma sala de visitas, mas ninguém poderia deixar de concordar que aquele era preferível ao outro, finalmente vencido.
    Mas eis que o patrão, a horas mortas, acordou com sede. Levantou-se cauteloso, para não acordar ninguém, e desceu as escadas, rumo à geladeira. Ia ainda a meio caminho quando sentiu que o exército de perfumistas franceses fora derrotado. O barulho que fez daria para acordar um quarteirão, quanto mais os da casa, os pobres moradores daquela casa, despertados violentamente, e que precisavam perguntar nada para perceberem o que se passava. Bastou respirar.
    Hoje pela manhã, finalmente, após buscas desesperadas, uma das empregadas localizou o cheiro. Estava dentro de uma jarra, uma bela jarra, orgulho da família, pois tratava-se de peça raríssima, da dinastia Ming.
    Apertada pelo interrogatório paterno Giselinha confessou- -se culpada e, na inocência dos seus três anos, prometeu não fazer mais.
    Não fazer mais na jarra, é lógico.
    
    (PONTE PRETA, Stanislaw. O grande mistério. In: Rosamundo e os outros. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1963. P. 76.)
O texto de Stanislaw Ponte Preta pode ser classificado como uma crônica argumentativa. É possível inferir que neste texto prevalece:
Alternativas
Q2250373 Administração Geral
Organogramas são gráficos que representam a estrutura formal de uma empresa ou organização. O organograma mais usado para representar claramente a hierarquia na empresa é o organograma
Alternativas
Q2250372 Direito Administrativo
O documento em que são apresentadas determinações, avisos, citações e demais comunicados oficiais e que é afixado em locais públicos para conhecimento de toda a população interessada é denominado 
Alternativas
Q2250371 Direito Administrativo
A Declaração se assemelha ao Atestado, porém a diferença entre eles é que a Declaração é um documento
Alternativas
Q2250370 Contabilidade Pública
O empenho de uma despesa pública deverá ser anulado quando
Alternativas
Q2250369 Direito Financeiro
Na Lei Orçamentária Anual (LOA) de um determinado município, constou um artigo permitindo a abertura de crédito suplementar até determinado valor. Tal caso constitui uma exceção ao princípio orçamentário da
Alternativas
Q2250368 Direito Financeiro
As receitas e despesas de todos os poderes, órgãos, entidades, fundos e fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público deverão fazer parte da Lei Orçamentária Anual (LOA). Trata-se do princípio da
Alternativas
Q2250365 Legislação Federal
A Lei de Acesso a Informação (LAI) obriga que órgãos e entidades públicas promovam a transparência de suas informações, independentemente de haver ou não requerimento dos seus usuários. Trata-se da chamada 
Alternativas
Q2250363 Direito Administrativo
A licitação passa a ser inexigível quando for inviável a competição, em especial
Alternativas
Q2250362 Direito Administrativo
A modalidade de licitação para escolha de trabalho técnico, científico e artístico, cujo critério de julgamento será o de melhor técnica ou conteúdo artístico, e para concessão de prêmio ou remuneração ao vencedor denomina-se
Alternativas
Q2250361 Direito Administrativo
Quando um governador comete um ato relacionado à indistinção entre os patrimônios público e privado, ele está violando o princípio da
Alternativas
Q2250360 Direito Administrativo
De acordo com a Lei nº 9.784/1999, Art. 2º , a administração pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da
Alternativas
Q2250359 Direito Administrativo
A Lei nº 9.784/1999 define regras aplicáveis a maior parte das atividades administrativas públicas. As normas previstas na referida lei
Alternativas
Q2250358 Administração Geral
Entre as mais variadas ferramentas utilizadas no processo de planejamento estratégico, existe aquela que compatibiliza a análise dos pontos fortes e fracos com as oportunidades e ameaças. Tal ferramenta denomina-se
Alternativas
Q2250357 Administração Geral
A estrutura organizacional representada por uma pirâmide, que demonstra a unidade de comando e o princípio de escalonamento hierárquico, pode ser chamada de
Alternativas
Q2250356 Administração Geral
Quando se trata de estrutura organizacional, a melhor forma de representá-la seria por intermédio de um
Alternativas
Q2250355 Administração Geral
O que caracteriza uma estrutura organizacional de tipo matricial é
Alternativas
Q2250354 Direito Administrativo
A administração pública é composta de administração direta e indireta. Fazem parte da administração indireta
Alternativas
Q2250353 Segurança e Saúde no Trabalho
Assinale a alternativa que corresponda a uma característica do assédio moral.
Alternativas
Respostas
3421: A
3422: B
3423: E
3424: D
3425: B
3426: D
3427: B
3428: C
3429: C
3430: B
3431: C
3432: B
3433: D
3434: B
3435: D
3436: B
3437: E
3438: C
3439: E
3440: B