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O fracasso escolar constitui um problema grave brasileiro que, além de evidenciar a heterogeneidade no sistema educacional, ressalta o impacto da desigualdade socioeconômica e, primordialmente, a carência cultural no processo de ensino e aprendizagem.
No que diz respeito à relação entre psicologia e educação, julgue o item a seguir.
As contribuições da educação para o desenvolvimento da
psicologia brasileira favoreceram o surgimento do campo de
atuação da psicologia escolar, que tem um caráter
essencialmente prático, por isso, é caracterizado pela
inserção do profissional de psicologia na escola.
A atuação contemporânea da psicologia escolar prevê, entre suas funções, intervenções avaliativas com o intuito de favorecer a adaptação do aluno com dificuldades de aprendizagem à realidade da escola.
A criação de espaços de interlocução com atenção aos aspectos objetivos dos processos de desenvolvimento e aprendizagem constitui uma das frentes de trabalho embasadas em novas perspectivas de atuação.
Considerando as perspectivas atuais e as controvérsias da atuação em psicologia escolar, julgue o item subsequente.
Um dos indicadores do perfil de psicólogo escolar alinhado
às perspectivas atuais é a promoção de uma cultura de
sucesso no ambiente escolar.
A prática profissional do psicólogo escolar deve ser norteada unicamente pelo conhecimento explícito, formalizado e fundamentado em uma perspectiva educacional.
Considerar a dimensão subjetiva da aprendizagem de alunos implica compreender que as dificuldades não surgem somente por impossibilidades intelectuais e envolvem sentidos subjetivos no processo de aprender que dificultam a sua realização, ou seja, a forma como os alunos subjetivam sua condição pode se tornar fonte geradora de produções subjetivas que desfavorecem a aprendizagem escolar.
A perspectiva inclusiva em uma sociedade excludente deve considerar tanto as possibilidades de acesso quanto as de sucesso escolar. Em uma perspectiva subjetiva da aprendizagem, os discursos das diferenças e dos direitos e a centralidade do diagnóstico constituem barreiras e riscos na conquista de novos níveis de aprendizagem e de seu desenvolvimento.
O desenvolvimento atípico caracteriza um diagnóstico específico de sintomas que evidencia a ocorrência de transtornos escolares, com causas primárias não reparáveis pelo sistema social de relações da criança.
A matrícula e a presença de crianças com deficiência nas salas de aula comuns podem ser consideradas um progresso: antes da democratização do ensino, as crianças com deficiência consideradas aptas à escolarização deveriam ser matriculadas nas escolas, enquanto aquelas direcionadas à meta mínima, que não apresentavam condições necessárias para a escolarização, deveriam ser atendidas apenas por serviços especializados.
O conjunto de normas legais proíbe a discriminação e segregação de alunos por motivo de deficiência, porém, no cotidiano escolar, continuam presentes ações restritivas que cerceiam as possibilidades de desenvolvimento dos alunos, como, por exemplo, a preponderância do uso de avaliações e testes para medir as capacidades em detrimento de avaliações contextualizadas acerca do desenvolvimento global.
Em termos macrossociais, o processo educacional está relacionado ao caráter excludente da educação obrigatória brasileira e a avanços em relação à (quase) universalização do ensino fundamental, sendo a democratização do acesso ao ensino definida pela apreensão quantitativa, pelos alunos, do conhecimento esperado pela escola.
De acordo com Vygotsky, a estimulação pedagógica da atividade criadora da criança deve ser orientada pela utilidade subjetiva da função da ação, com foco na satisfação livre das crianças, devendo a atividade criadora ser direcionada por qualquer estímulo arbitrário do meio ambiente. Assim, a criança escolhe livremente o que quer realizar, e isso possibilita o seu desenvolvimento no âmbito da cultura.
Para Vygotsky, existem dois tipos fundamentais de atividades centrais no desenvolvimento humano: uma é reprodutiva, isto é, consiste em repetir formas de condutas precedentes que conservam a experiência anterior da vida humana; a outra é a atividade criadora de novas ações e imagens, na qual o cérebro faz combinações e reelaborações, o que faz erigirem novos comportamentos e situações.
Os sistemas de signos, como a escrita e o sistema numérico, representam instrumentos da cultura humana que a criança aprende por meio da memorização e acomodação em esquemas cognitivos que tendem a alcançar estabilidade na vida adulta.
As ideias de Vygotsky implicam compreender o desenvolvimento como um processo em movimento e em permanente transformação, no sentido de que as transformações na natureza do ser humano ocorrem tanto na vida material quanto na sociedade.
No materialismo dialético, o desenvolvimento é entendido como algo natural que ocorre dentro de uma previsibilidade e que se atualiza de acordo com a passagem do tempo cronológico: na educação, o desenvolvimento é o resultado de influências externas somadas a capacidades de maturação do organismo.
A transmissão cultural pelas relações sociais se refere ao desenvolvimento cultural da humanidade e de cada ser humano, e a relação da criança com os instrumentos culturais é mediada pelo outro, que lhe fornece os significados para a compreensão da realidade no processo de apropriação da cultura.
A compreensão contemporânea do ensino impacta o processo de ensino-aprendizagem, que tende a transbordar a clássica sala de aula, o que traz novas demandas para a qualidade das interações entre professores e alunos, deslocando as causas da problemática da aprendizagem do aluno para questões mais abrangentes no meio social e cultural.
Em uma concepção subjetiva do processo de ensino-aprendizagem, a relação estabelecida entre professor e aluno é central e as estratégias pedagógicas estão baseadas no processo comunicativo, sendo o diálogo entre eles o cerne da relação no processo de aprendizagem, o que enfatiza o papel ativo e criativo do professor e do aluno.